A IGREJA OCUPADA

Podemos comparar isso a uma espécie de possessão diabólica. A palavra é muito forte, como são as palavras de Nossa Senhora em La Salette e em Fátima, mas para aqueles que já viram um exorcismo real, a analogia é verdadeiramente apropriada

Fonte: SSPX Canadá – Tradução: Sensus Fidei

 

Caros amigos e benfeitores,

Quando Nossa Senhora de La Salette falou de um eclipse da Igreja, ela quis dizer que uma entidade misteriosa encobriria a verdadeira Igreja e procuraria receber as honras devidas à verdadeira Igreja. E isso é um eclipse: você olha para o sol, e você vê a lua na frente dele. Esta estranha entidade eclipsando a Igreja no presente, sem dúvida, é o que se denomina “Igreja Conciliar”.

A partir da década de 1960, em suas cartas, a Irmã Lúcia usou a expressão “desorientação diabólica”, como significando essa mesma batalha final entre o demônio e Nossa Senhora. Esta desorientação será manifesta por falsas doutrinas e cegueira, até os mais altos escalões da Igreja.

Podemos comparar isso a uma espécie de possessão diabólica. A palavra é muito forte, como são as palavras de Nossa Senhora em La Salette e em Fátima, mas para aqueles que já viram um exorcismo real, a analogia é verdadeiramente apropriada.

Alguns de nossos sacerdotes na Ásia e em outros lugares tiveram que realizar exorcismos solenes no decorrer de seu ministério. Um caso na Ásia foi o de uma senhora que apresentou todos os sinais clássicos de uma verdadeira possessão diabólica, tais como: conhecer línguas estrangeiras, entender o latim, por exemplo, e saber coisas verdadeiramente impossíveis dela saber. Quando o sacerdote lhe perguntou em latim: “Quot estis? Quantos vocês são – replicou ela com raiva em seu próprio dialeto: “Quinze!” Em outra sessão de exorcismo, uma vez que já houvera muitos deles ao longo dos anos, um médico estava presente. Ele testemunhou como essa pobre senhora estava literalmente “ocupada”, “possuída” por outros espíritos malignos. Dentre eles falava um com perfeito sotaque britânico, outro no dialeto de feiticeiros de remotas aldeias das montanhas. Era um corpo ocupado por muitas “almas”. O médico comentou mais tarde: “Os sintomas que apareceram nessa mulher tão gentil, como observados em sua voz suave, não podem caber em qualquer classificação encontrada em nenhuma mesa clínica até hoje na literatura médica”.

Confessá-la e dar-lhe a Santa Comunhão foi um desafio. Durante muito tempo não pôde assistir à Missa Tridentina por medo de reações violentas, então, colocaram-na em um quarto remoto na casa adjacente. Ela faria sua confissão por escrito, e para receber a Sagrada Comunhão, era possível vê-la lutando para abrir a boca apenas o tempo suficiente para deixar o sacerdote colocar a Sagrada Hóstia em sua língua. Então, uma reação violenta seguiu como se tivesse engolido algo ardendo. O médico acrescentou: “uma simples frase de um dos auxiliares disse tudo: ‘Isso não acontece quando ela vai à Missa Nova’”.

Muitos exorcismos podem ser necessários para libertar uma alma dessa possessão. A última notícia que recebi a respeito desta senhora foi que ela agora podia assistir à Santa Missa e receber a Santa Comunhão na balaustrada da comunhão como todos os outros fiéis.

Esse caso de possessão diabólica é outra maneira de entender o que está acontecendo na Santa Igreja hoje. Em 1975, um excelente livro francês foi publicado por J. Ploncard d’Assac, intitulado “A Igreja Ocupada”. É exatamente como aquela pobre mulher asiática: em seu corpo havia muitas almas lutando entre si. E quando o maligno tomava o controle, sua verdadeira alma tornava-se impotente. Podia ouvir e ver tudo o que estava acontecendo, mas não conseguia deter aquilo. No entanto, com os exorcismos repetidos, ela se tornou visivelmente mais forte contra o mal. Ela disse que o Santo Rosário completo em latim deu-lhe grande coragem.

A Igreja hoje mostra os mesmos sinais. Embora exista apenas um corpo, uma estrutura, parece haver vários espíritos lutando pelo controle desse corpo. Olhando para a senhora possuída durante o exorcismo, pode-se dizer: este é realmente o seu corpo, mas esta não é a sua alma falando. O mesmo está acontecendo com a Igreja: não podemos dizer que “a Igreja está acabada!”! Não, o corpo ainda está lá, embora a voz não seja a da Igreja. Em 1965, Dom Lefebvre falou desta misteriosa ocupação da Igreja em sua décima intervenção durante o Vaticano II.

“Esta constituição pastoral não é nem pastoral nem dimanada da Igreja católica: não alimenta os homens e os cristãos com a verdade evangélica e apostólica e, por outro lado, a Igreja jamais falou assim. Nós não podemos escutar esta voz, porque não é a voz da Esposa de Cristo. Esta não é a voz do Espírito de Cristo. Nós conhecemos a voz de Cristo, nosso pastor. Esta a ignoramos. Os vestidos são de ovelha; a voz não é a do Pastor, e pode ser a do lobo. E isso é tudo. “(Eu acuso o Concílio, Angelus Press, pp. 86-87)

Isso é certamente bastante semelhante a uma possessão diabólica.

Deixe-me concluir esta carta com a oração que Nossa Senhora ensinou ela mesma em 13 de janeiro de 1864 a um servo de Deus, o Padre Louis Cestac, fundador da Congregação dos Servos de Maria (+1868), quando pediu-lhe uma oração para lutar contra o diabo. Chegara o momento de invocá-la como a Rainha dos Anjos e pedir-lhe que enviasse as Sagradas Legiões para combater os poderes do inferno.

Augusta Rainha do Céu e Soberana Senhora dos Anjos, que desde o princípio foi encarregada de Deus com poder e com a missão de esmagar a cabeça de Satanás, imploramos humildemente, enviai-nos vossas santas legiões, que, sob vosso comando e por vosso poder, que podem procurar todos os espíritos malignos, colocá-los em fuga em todos os lugares, conter a sua insolência e atirá-los de volta para o abismo. Quem é como Deus? Ó boa e terna Mãe, tu serás sempre o nosso amor e a nossa esperança. Ó Mãe divina, envia os Santos Anjos para me defender e afastar de mim o cruel inimigo. Santos Anjos e Arcanjos defendei-nos e protegei-nos. Amém. “(Indulgência de 300 dias, São Pio X, 8 de julho de 1908).

Pe. Daniel Couture – Superior do Distrito da FSSPX no Canadá