A MISSA É UM FREIO AO GLOBALISMO

Espanha e Portugal

Pe. Xavier Beauvais, FSSPX

Durante este encarceramento a que estamos em vias de nos submeter, vimos surgir um grande furor contra a Missa nas nossas capelas e igrejas.

É certo que, golpeando-se a Missa, a Igreja é enfraquecida. Nós já o vimos em 1969, com o novo rito de Paulo VI. Para que a Igreja vacile no tocante ao dogma e à disciplina, é preciso combater a Missa. Esse era (e ainda é) um dos melhores meios de evacuar e substituir, pouco a pouco, a moral católica, os usos e costumes da catolicidade.

O governo francês atual sabe muito bem disso quando nos impede de celebrar a Missa.

Sabemos que o alinhamento dos costumes de todo o mundo à ética maçônica está o coração do globalismo em marcha. Todo freio – e a Missa é um freio – todo obstáculo a esse projeto deve ser tiranicamente suprimido. O principal adversário do globalismo é a renovação do Sacrifício da Cruz, pois sabemos que a Missa é o remédio individual, social e político ao vírus e aos males dos tempos modernos.

Em face da liberdade desenfreada, ela clama ao dom de si.

Em face da igualdade absoluta, apela ao senso de hierarquia.

Em face da fraternidade fundada sobre o homem, lembra da caridade, ou seja, do amor na verdade que os homens devem uns aos outros, em nome de Deus.

Toda a ordem da civilização repousa sobre o altar, eis o porquê de ser preciso lutar sem cessar pelo tesouro oferecido por Nosso Senhor e gritar: “Devolvam-nos a Missa”.

É justamente nesse espírito que o Pe. Davide Pagliarani, Superior Geral da Fraternidade São Pio X, lançou no dia 21 de novembro um apelo enérgico a uma Cruzada de Orações até a Quinta-Feira Santa, 1º. de abril de 2021.

Unamos nossas forças para obter do céu a liberdade incondicional de rezar publicamente e de assistir à Missa». A Santa Missa é o bem mais querido para nós. Assim, ela precisa ser rezada de novo com total liberdade: ela contém a solução a todos os males, a todas as doenças, a todos os temores (…)

Ficaremos então insensíveis à situação atual? « Todo aquele que pede recebe, e a quem bate abrir-se-á » (Mt 7, 8), promete-nos Nosso Senhor. Façamos nossa parte: as graças são obtidas somente se pedimos com insistência.

Caros amigos, eu vos convido a todos, adultos e crianças, leigos e pessoas consagradas, e vos suplico de se juntarem a esta cruzada de oração pelas Missas e pelas Vocações. Os cruzados partiam para libertar o túmulo de Nosso Senhor Jesus Cristo; partamos então para libertar o tesouro de Cristo Rei, seu testamento de amor! (…)

Quem liderará esta cruzada? Aquela que permaneceu de pé aos pés da Cruz.” Dessa cruz que venceu o mundo, o vírus do pecado.

A Missa é a renovação do sacrifício da Cruz, e compreende-se que, se a Cruz venceu o mundo, ela é para nós o mais eficaz dos meios de redenção, de salvação e, para nossos inimigos, o maior obstáculo ao seu designo perverso.

A assistência a Missa que consiste na imolação interior a Jesus Cristo, a fim de unir-se e de associar-se a Ele no oferecimento do Sacrifício, é a função mais alta do caráter batismal. A Santa Missa é a ação católica por excelência, aquela que atua, renova, intensifica nosso pertencimento à Santa Igreja, e que dá testemunho disso.

A Missa é também a fonte de toda santidade, o meio privilegiado de entreter e desenvolver a vida de Cristo Jesus em nós.

Uma vez que o fundamento da nossa santidade consiste em render a Deus o culto que lhe é devido, sabemos que o centro do culto perfeito que podemos prestar a Deus é a Santa Missa.

Toda a nossa vida espiritual e toda a nossa religião são e devem ser marcadas por essa oblação interna de nós mesmos que é devida a Deus como Criador e Senhor.

Essa oblação deve ser manifestada de modo externo e sensível.

O primeiro e o supremo dever do homem é dar-se inteiramente a Deus e colocar-se exclusivamente sob sua dependência.

Compreende-se por que o laicismo quer a morte da Santa Missa. Daí esses abusos de poder dos governos que querem nos interditar a Missa com a assistência das nossas igrejas.

Há aí uma ingerência inadmissível do Estado sobre a Igreja ao impedir os fiéis de cumprirem um dos mandamentos dessa mesma Igreja.

O que o exercício do culto tem a ver com o Estado, desde o momento em que este último pretende ser laico, neutro?

A exclusão pura e simples dos fiéis das Missas nesse período de encarceramento, para lutar contra uma pandemia organizada, é também o apogeu da crescente incapacidade da igreja conciliar de pesar de modo eficaz nos debates das nações.

Nós nos voltamos para a Santíssima Virgem, de pé aos pés da Cruz; é ela que invocamos pois no final o seu Coração Imaculado triunfará.