A REVOLUÇÃO REALIZADA PELA DECLARAÇÃO “NOSTRA AETATE”: “A ANTIGA ALIANÇA NUNCA FOI REVOGADA”

A história dos Papas que visitaram a grande Sinagoga de Roma

Fonte: Sì Sì No No | Tradução: Dominus Est

Desde seu primeiro encontro com uma delegação de judeus, em 12 de março de 1979, o Papa João Paulo II cita a declaração conciliar Nostra Aetate, “cujo ensinamento exprime a fé da Igreja” (conforme esclarecerá mais tarde em Caracas, Venezuela, em 27 de janeiro de 1985).

Segundo Nostra Aetate [daqui em diante abreviada por “N.A.”], um vínculo uniria espiritualmente o povo do Novo Testamento com a progenitura de Abraão, que são não só os judeus da Antiga Aliança, mas também aqueles dos dias de hoje.

Com efeito, citando Rom. XI, 28-29, escreve o Padre Jean Stern:  «o Concílio declara a propósito dos judeus [pós-bíblicos] que eles fazem parte de um “povo muito amado de Deus do ponto de vista de eleição, por causa de seu pai, visto que os dons de Deus são irrevogáveis”. Por conseguinte, se a comunidade religiosa hebraica, formada pelo ensinamento rabínico, pertence à descendência [espiritual] de Abraão… o judaísmo [pós-bíblico] constitui uma religião»[1].

“N.A” não exprime a fé da Igreja

A declaração “N.A.”, de 28 de outubro de 1965, sobre “as relações da Igreja com as religiões não-cristãs”, fala em seu n.º 2 do budismo e do hinduísmo, no n.º 3 dos muçulmanos e no 4 fala do “vínculo com que o povo do Novo Testamento está espiritualmente ligado à descendência de Abraão”. Ora, descendência equivale à raça ou estirpe carnal de Abraão. A Igreja, ao contrário, é universal, católica, e protege a fé e a alma de todos os homens de todas as eras e do mundo todo, e por isso não há vínculo com nenhuma descendência ou raça em particular. Com efeito, não se pode relacionar espiritualmente a descendência carnal ou sanguínea com a fé, a alma ou o espírito. Esta é a primeira grande anomalia ou contradição de termos em “N.A.”.

A Igreja católica distinguiu adequadamente (primeiro e melhor que o Concílio Vaticano II) a descendência de Abraão:

a) segundo a carne: judeus e árabes;

b) segundo a fé: ou seja, aqueles que têm a fé de Abraão, que acreditavam no Cristo vindouro (eram cristãos in voto), como Jesus disse no Evangelho segundo São João (VIII, 56): “Abraão, vosso pai [segundo a carne], regozijou-se com a esperança de ver o meu dia [a Encarnação do Verbo]; viu-o [em espírito] (por meio da, revelação), e ficou cheio de gozo [ele Me acolheu em sua alma, em sua fé, enquanto vocês não].

Portanto, o vínculo espiritual com a Igreja une somente aqueles que têm a fé de Abraão no Cristo vindouro (Antigo Testamento) ou no Cristo que já veio (Novo Testamento) independentemente da raça a qual pertence: “em Cristo não há judeu e nem grego” (São Paulo aos Gálatas III, 28) se for cristão, é filho de Abraão na fé, tanto o grego como o judeu segundo o sangue. Os Apóstolos e Nossa Senhora eram hebreus (judeus) de sangue e cristãos segundo a fé, verdadeiros filhos de Abraão por descendência, mas sobretudo pela fé. Eugênio Zolli era judeu de raça, mas tornou-se cristão de fé, e só então tornou-se verdadeiro filho de Abraão. A descendência carnal, estirpe, raça ou povo de Abraão que não aceita Cristo como Deus e Messias não tem qualquer vínculo espiritual com a Igreja, porque não compartilha da fé na divindade de Cristo, porquanto foi revelado que os filhos de Abraão são aqueles que têm a fé. Portanto, não é a estirpe que importa (seria racismo e a Igreja repudia isso), mas a fé na divindade de Jesus: “Reconhecei, pois, que os que são da fé, são (os verdadeiros) filhos de Abraão” (Gal. III, 7).

A ambiguidade de “N.A.” consiste em fazer passar todos aqueles que derivam por descendência carnal de Abraão por possuidores de um vínculo espiritual ou de fé com a Igreja católica. No entanto, não é este o caso. Com efeito, dentre a estirpe ou raça de Abraão:

a) os árabes são espiritualmente – na maioria – muçulmanos, portanto não têm a fé de Abraão na divindade de Cristo, embora reconheçam-No como profeta.

b) os judeus da Sexta-Feira Santa encontram-se divididos em dois:

α) A “menor parte” fiel a Cristo, ou seja, os Apóstolos e discípulos, que tendo aceitado a Cristo, deram origem à Igreja (estirpe + fé de Abraão);

β) a maior parte incrédula na divindade de Cristo, que renegou a fé de Abraão e o mosaísmo vetero-testamentário, dando origem assim ao judaísmo pós-bíblico, pós-cristão, talmúdico e rabínico-farisaico, o qual, mais que uma religião, é uma estirpe ou “religião racial” e racista: Elio Toaff, ex-rabino chefe de Roma, escreveu: “O judeu é um povo que tem uma religião. Ambos os conceitos são inseparáveis. A identidade cristã é constituída sobretudo pelo pertencimento ao povo judeu. Mesmo aqueles que não são religiosos são judeus enquanto pertencentes ao povo hebraico. A religião judaica é somente para o povo hebraico[2].

A Igreja, por sua vez, é “a sociedade dos batizados que têm a mesma fé [em Cristo], a mesma moral, participam dos mesmos sacramentos e estão submetidos aos pastores legítimos, os bispos ou sucessores dos Apóstolos e especialmente o Pontífice romano, sucessor de Pedro” (São Roberto Bellarmino): como se pode ver, não se fala de “estirpe” ou povo nesta definição clássica e comumente aceita pela Igreja.

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No n.º 4 da declaração N.A. encontramos: “Ainda que as autoridades dos judeus e os seus sequazes urgiram a condenação de Cristo à morte não se pode, todavia, imputar indistintamente a todos os judeus que então viviam, nem aos judeus do nosso tempo, o que na Sua paixão se perpetrou”.

Cabe aqui distinguir.

– Cristo morreu para redimir os pecados de todos os homens, inclusive dos judeus, ou seja, o fim (causa final) da morte de Cristo é a redenção do gênero humano.

– A causa eficiente da morte de Cristo, porém, não foram os pecados dos homens, mas o judaísmo farisaico, que negando a divindade de Cristo, condenou-O à morte e fez com que a sentença fosse cumprida pelos romanos. Os Evangelhos e todos os Padres da Igreja são unânimes neste ponto[3]. Ora, o consenso unânime dos Padres é sinal de tradição divina, ou seja, eles são o instrumento que transmite o ensinamento divino-apostólico; portanto, o consenso deles é regra de fé: isso quer dizer que é revelado por Deus aquilo que os Padres da Igreja ensinam com consenso moralmente unânime em matéria de fé e de moral (não é necessário o consenso absoluto ou matemático), porquanto eles foram postos por Deus na Igreja para transmitir o ensinamento divino recebido pelos Apóstolos. No caso aqui discutido, os Padres (de Santo Inácio de Antioquia †107 até Santo Agostinho †430) estão não só moralmente, mas também matematicamente concordes no ensinamento de que a maior parte (infiel a Cristo) do povo judeu, ou seja, o judaísmo farisaico, foi responsável, como causa eficiente, pela morte de Cristo e criou uma nova religião cismática e herética (talmudismo) que se destaca do mosaísmo e que até hoje renega a divindade de Cristo e condena-a como uma idolatria, pois Ele, como homem que era, pretendeu fazer-se Deus.

Há, porém, uma diferença entre os chefes e o povo:

a) Os chefes

Sabiam claramente que Jesus era o Messias, mas não quiseram aceitá-Lo; podiam saber também que era Deus (ignorância afetada e culpável), mas fecharam voluntariamente os olhos diante das evidências da sua divindade (Suma Teológica IIIa, q. 47 aa. 5; 6 / IIa IIae, q. 2 aa. 7, 8).

b) O povo

Na maior parte foi seduzido e pervertido pelos seus chefes, enquanto um “pequeno resto” seguiu Jesus; houve, porém, uma ignorância não afetada e nem desejada, mas vencível, ou seja, que se poderia superar; portanto uma culpa menos grave que aquela dos chefes, mas uma culpa em si objetivamente grave (subjetivamente, porém, só Deus sonda o coração de cada homem). O povo, que havia visto os milagres de Cristo, tem o atenuante de ter seguido seus chefes; ainda que seja menor seu pecado, ele não é totalmente anulado (cf. Suma Teológica supra).

c) O judaísmo moderno

Na medida em que há a livre continuação do judaísmo rabínico desde os tempos de Jesus, que se obstina a não aceitar o Divino Redentor, há a participação objetiva na responsabilidade pela sua morte.

O rabino chefe de Roma, convertido ao catolicismo em 1945, Eugenio Zolli, escreve: “O princípio de corresponsabilidade era difusíssimo no antigo Oriente […] e se estende não só à família do transgressor, mas também à sua cidade, e quando se trata de um rei, até mesmo a todo o seu país e à toda sua nação. […] O princípio de corresponsabilidade encontra sua aplicação até no direito romano” (Antisemitismo, Roma, AVE, 1945; rist. Cinisello Balsamo, S. Paolo, 2005, p. 56). Portanto, “o assassinato de Jesus pesa sobre os judeus considerados como coletividade étnica e religiosa” (ibid., p. 90).

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“N.A.” n.º 4 continua: “nem por isso os judeus devem ser apresentados como reprovados por Deus e malditos, como se tal coisa se concluísse da Sagrada Escritura”.

Em primeiro lugar, é preciso especificar que se está falando do judaísmo religião pós-cristã e de seus fiéis, os judeus segundo o Talmud (“N.A.” se equivoca quando usa simplesmente a palavra “judeus”).

E então é necessário especificar os termos teológicos e bíblicos reprovação e maldição.

a) Reprovar:

Significa rejeitar, considerar inútil, desaprovar, romper uma amizade. Ora, a sinagoga, desde a morte de Cristo, foi desaprovada, rejeitada por Deus, que constatou sua infidelidade à Aliança firmada entre Ele e Abraão e a repudiou para fazer uma Nova Aliança com o “pequeno resto” de Israel fiel a Cristo e a Moisés, e com todos os gentios prontos a acolher o Evangelho (dentre os quais a maior parte correspondeu ao dom de Deus). Deus desaprovou que se tenha renegado seu Filho, unigênito e consubstancial, “Deus verdadeiro de Deus verdadeiro”. Por isso, a Igreja sempre interpretou retamente a Escritura ensinando que o judaísmo pós-bíblico é reprovado ou desaprovado por Deus enquanto permanece na negação obstinada de Cristo e não está unido espiritualmente ao “povo” do Novo Testamento, portanto não é querido por Deus e não está em Sua graça.

b) Amaldiçoar:

Significa condenar; não é uma “maldição formal” lançada por Deus (similar àquela contra a serpente infernal no Éden), não é uma imprecação a fim de um mal, mas uma maldição “objetiva”, ou seja, uma situação constatada e condenada por Deus, da qual Ele disse mal ou “mal-disse”. Com efeito, Deus não pode aprovar, dizer bem ou “bem-dizer” a negação de Cristo. O Pai, tendo constatado a esterilidade do judaísmo farisaico e rabínico, que matou os profetas e seu Filho, condenou-o, desaprovou-o ou “disse mal” ou “mal-disse”. Assim como Jesus, que ao constatar a esterilidade do figo o mal-disse, ou seja, não o apreciou, mas o condenou enquanto infrutífero.

Não há vínculo “espiritual”, e sim oposição de contradição entre o judaísmo atual e o “povo do Novo Testamento”

Uma judia convertida ao cristianismo escreve: «É preciso distinguir o judaísmo do Antigo Testamento do judaísmo pós-cristão. O primeiro (AT) é um preparação para o cristianismo; o segundo, ao contrário (judaísmo pós-cristão), negou a messianidade de Jesus e continua a renegar o Messias Jesus Cristo. Neste sentido, há aqui uma oposição de contradição entre cristianismo e judaísmo atual. A Antiga Aliança é baseada também na cooperação dos homens. Moises recebe a declaração de Deus contendo as condições do pacto. A Aliança não é incondicional (Dt. XI, 1-28), mas antes submetida à obediência do povo de Israel: “Vede que eu ponho hoje diante dos vossos olhos a bênção e a maldição; a bênção, se obedecerdes aos mandamentos do Senhor vosso Deus, … a maldição, se não obedecerdes aos mandamentos do Senhor vosso Deus” (Dt. XI, 26-28)… A aliança depende também do comportamento de Israel, e Deus ameaça repetidas vezes de rompê-la por causa da infidelidade do povo judeu que queria rompê-la (Dt. XXVIII; Lev. XXVI, 14 ss.; Jer. XXVI, 4-6; Os. VII, 8 e IX, 6). Depois da morte de Cristo, o perdão de Deus não é dado a toda Israel, mas só a um “pequeno resto” fiel a Cristo e a Moisés. Seguindo a infidelidade do povo de Israel como um todo, em relação a Cristo e ao Antigo Testamento que O anunciava, o perdão de Deus restringe-se somente a um “pequeno resto”. Da parte de Deus não há ruptura do seu plano, mas só o desenvolvimento e aperfeiçoamento da Aliança primitiva ou antiga em Aliança nova e definitiva, que dará ao “pequeno resto” dos judeus fiéis ao Messias um “novo coração” e se abrirá à humanidade inteira… A comunidade cristã permaneceu fiel à tradição vetero-testamentária, reconhecendo em Jesus o Cristo anunciado pelos Profetas. Para os cristãos, é o judaísmo pós-bíblico quem foi infiel ao Antigo Testamento, mas houve um “pequeno resto” fiel, que entrando na Igreja cristã garantiu a continuidade da Aliança (antiga-nova) em vista do Cristo vindouro e do Cristo que já veio. Ele é a pedra angular que “fez de dois (povos: judeus e gentios) uma só coisa (cristãos)” »[4].

O Novo Testamento crê na divindade de Cristo, o judaísmo atual ou pós-bíblico a nega: entre ambos há uma oposição de contradição (Cristo é Deus; Cristo não é Deus), ou seja, a máxima oposição no que diz respeito à verdade entre ambas proposições, por onde ou Cristo é Deus (e então vigora o Novo Testamento), ou Cristo não é Deus (e portanto é verdadeiro o judaísmo pós-bíblico), tertium non datur: a posição irenista do Concílio Vaticano II, e de Nostra Aetate particularmente, é a “terceira via”: impossível porque contraditória.

A “estirpe de Abraão” ou a religião talmúdica é ainda hoje amada por Deus?

No n.º 4 de Nostra Aetate diz-se que, segundo São Paulo (Rom. XI, 29), os judeus na graça do Pai continuam “ainda” [“continuam” e “ainda”, mas no texto paulino não está assim] a ser muito amados por Deus “cujos dons e vocação não conhecem arrependimento” [observemos que na citação falta também a especificação “secundum electionem”]. Além da manipulação do texto de São Paulo, já refutamos o sofisma em outra ocasião[5].

Deus non deserit nisi prius deseratur (Deus não abandona se não é abandonado primeiro): a Aliança firmada com Abraão é um pacto com dois lados e condicional: por parte de Deus (ex parte electionis) o Senhor se empenha em proteger seu povo, se este Lhe for fiel; caso contrário há a ruptura. O povo pode contar com o amor de Deus se Lhe for fiel, caso contrário será repudiado como idólatra, ou como uma meretriz que abandonou seu esposo para vender-se aos desconhecidos. Todo o Antigo Testamento baseia-se em tal relação bipolar e condicional. Ora, o povo judeu foi infiel a Deus (matou os Profetas e o Messias); portanto Deus rompeu a aliança com ele e firmou uma nova e definitiva aliança com o “pequeno resto” fiel dos judeus e com os gentios.

Os dons de Deus são irrevogáveis ou sem arrependimento, ex parte electionis; certamente Deus chama, elege um povo, uma pessoa a uma vocação particular: Israel a acolher o Messias Jesus; Judas a ser Apostolus Jesu Christi; mas ambos traíram sua vocação ex parte cooperationis. Deus não muda de ideia, a vocação permanece, mas neste caso não há uma correspondência por parte de quem foi chamado, que, na medida em que não corresponde, não é amado por Deus. Daí que se Deus ama os pais segundo a geração carnal (Abraão, Isaac, Jacó…) do judaísmo atual, que acreditaram no Cristo vindouro; não ama o talmudismo, visto que este renegou Cristo, único Salvador e Redentor da humanidade. Por isso que o próprio São Paulo (1Tes II, 15) escreve que os judeus “não agradam a Deus e são inimigos de todos os homens”, mas desta e de outras frases de São Paulo “N.A.” não tece qualquer consideração.

Cristianismo, judaísmo e islamismo

Depois do Concílio, “a nova Comissão Pontifícia para as relações com o judaísmo – observa o Padre Michel Dubois O. P. – faz parte da Secretaria para a união dos cristãos, enquanto a Comissão para o Islã depende da Secretaria para os não-cristãos. Esta decisão é rica de significado teológico… e ela retira todas as diferenças fundamentais entre judaísmo e cristianismo”[6].

Assim, o judaísmo, que nega a divindade de Cristo (essência da religião cristã), foi incorporado à Comissão para as relações com os “cristãos”, como se o cristianismo fosse um ramo do judaísmo atual ou pós-bíblico, ou como se o judaísmo talmúdico validasse o cristianismo (quod repugnat), enquanto o islã que, apesar de negar a divindade de Cristo, O respeita como profeta, é considerado, justamente, não-cristão. E todavia sua distância para o cristianismo é menos intensa que a do judaísmo.

O discurso de Mainz na esteira de Nostra Aetate

Em discurso proferido em 1980 em Mainz, Alemanha, João Paulo II chamou os judeus de “o povo da Antiga Aliança que nunca foi revogada”; esta expressão – explica o Padre Paul Beauchamp S.J. – já estava formulada «na nova liturgia (versão oficial francesa) da Sexta-Feira Santa, na oração em que implora a Deus para que os judeus “progridam no amor ao seu Nome e na fidelidade à sua Aliança”. Quem está excluído de uma Aliança não pode progredir nela [portanto o judaísmo atual mantém a Aliança com Deus]»[7].

Portanto, João Paulo II foi a Mainz proferir esse discurso que continuou – na esteira de Nostra Aetate – a revolucionar teologicamente as relações entre cristianismo e judaísmo pós-bíblico.

O padre jesuíta Norbert Lohfink pensou ser necessário aprofundar o significado da frase pronunciada em Mainz por João Paulo II, explicando que por trás do conceito de Nova e Eterna Aliança esconde-se um certo antijudaísmo cristão. Tratar-se-ia de uma forma de antagonismo em relação ao judaísmo, herdado da Igreja primitiva; o autor sustenta que é necessário falar de uma única Aliança e de uma dupla via de salvação, evitando dizer que só em Cristo está a salvação de todos os homens [contradizendo assim explicitamente o dado revelado, nota do autor – n.d.a.]; os judeus podem ser salvos percorrendo a via do judaísmo talmúdico e os cristãos a via do Evangelho; a Aliança em que participam judeus e não-judeus é uma só, e cada um segue seu próprio caminho.

João Paulo II refere-se indubitavelmente ao povo judeu de hoje, pois disse que “o encontro entre o povo de Deus da Antiga Aliança que nunca foi revogada (Rom. I, 19) e o da Nova Aliança é […] um diálogo […] entre a primeira e a segunda parte da sua Bíblia”.

Este trecho é no mínimo ambíguo. Com efeito, o povo da Antiga Aliança e o da Nova e eterna Aliança é espiritualmente o mesmo: ele é composto daqueles que acreditavam no Cristo Messias vindouro (Mosaísmo) e daqueles que acreditam no Cristo que já veio (Cristianismo); há aqui um aperfeiçoamento da Antiga Aliança por meio da Nova; quando João Paulo II fala de “dois povos”, o povo do rabinismo farisaico-talmúdico é apresentado como sendo o povo com que Deus ainda tem uma aliança.

Na realidade, o povo da Aliança estabelecida com Moisés é espiritualmente o cristianismo. Com efeito, materialmente Moisés, cerca de três mil anos atrás, era o chefe do povo de Israel segundo a carne; mas este povo com o qual Deus havia firmado a aliança com Israel, em grande parte, quando vem o Messias, renega-O e a partir daquele momento não é mais filho espiritual de Abraão e Moisés, mas só descendente material deles e espiritualmente repudiados por Deus.

O jesuíta Lohfink escreve que João Paulo II «infringe com audácia o costume, referindo Rm. XI, 21 a esta “antiga aliança”, enquanto Lc. XXII, 20 fala da “Nova Aliança no meu[de Cristo] sangue, que foi derramado por vós”». Ele considera que «o judaísmo de hoje pode referir-se à palavra “aliança” mesmo de um ponto de vista perfeitamente cristão, pois “sua antiga aliança” nunca foi revogada por Deus»[9]. Contrariamente a isso, é obvio que, se Deus firmou uma Nova e Eterna Aliança no Sangue derramado de Jesus, a Velha não existe mais, dado que foi aperfeiçoada e substituída pela Nova.

O jesuíta Lohfink comenta que «o conceito popular cristão de “nova aliança” favorece o antissemitismo. O cristão normal, diante do discurso da “antiga e nova aliança” imagina que há duas alianças, uma “antiga” e uma “nova” onde uma sucede a outra…; um velho “testamento” que se extingue quando se vai ao cartório e faz redigir um “novo” testamento. Quando nós cristãos falamos da “nova aliança”, consideramos os judeus de hoje como sendo a posteridade daqueles judeus que não haviam encontrado a entrada da “nova aliança”, e por isso agora a “antiga aliança” não existe mais, e eles não têm qualquer “aliança” [a nós parece simples bom senso, n.d.a.]. Este é o ponto em que se insere a formulação de João Paulo II em Mainz» (mas São Paulo, divinamente inspirado, escreveu: “Falando de aliança nova, Deus declarou antiquada a primeira. Ora o que envelhece e se torna antiquado, está prestes a perecer”)[10].

O remédio para essa distorção do “cristianismo normal do povo cristão” seria, segundo o jesuíta, um “cristianismo anormal”, ou seja, um cristianismo cripto-judaico que considera – contradizendo São Paulo e o dado “formalmente revelado” – que é preciso falar de «duas alianças: de uma antiga que continua, mesmo que seja antiquada e próxima de perecer [já fazem cerca de 2000 anos, um “próximo remoto”], na qual se encontra ainda hoje o judaísmo moderno, e uma nova, dada aos cristãos; com a precaução de acrescentar em seguida que não existe nenhum motivo para os judeus renunciarem à sua própria… Não foi nessa direção que se moveu – pergunta-se o jesuíta – João Paulo II em seu discurso em Mainz?»[11].

O jesuíta continua insistindo que o termo Nova Aliança é “uma arma conceitual da Igreja primitiva para marginalizar os judeus, além disso, esta afirmação [Nova Aliança] não é historicamente segura…”[12]; para provar isso, o autor deve negar, de maneira distorcida e confusa, a divina inspiração do Evangelho, que seria o produto das primeiras comunidades cristãs, do Cristo da fé e não do Cristo histórico[13].

***

A afirmação de João Paulo II é contrária ao dado revelado (“O que crer [no Evangelho, n.d.a.] e for batizado, será salvo; o que, porém, não crer, será condenado”; Mc. XVI, 16), torna vã a redenção do único Mediador Jesus Cristo ao “criar” artificiosamente uma subsistência da Antiga Aliança a qual não há mais razão de ser depois da Encarnação, Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. Senão, para que instituir uma nova aliança se a primeira ainda é válida? Seria equivocado, inútil e desonesto da parte de Deus tanto para com o velho quanto para o novo aliado (absit); seria como se um marido se casasse de novo vivendo ainda com a primeira mulher, causando dano tanto à primeira quanto à segunda; ou como se o pai revogasse o primeiro testamento, lavrado em cartório em favor do primogênito apenas, e o substituísse por um segundo e definitivo em favor de todos os seus filhos, e a autoridade judiciária mantivesse ainda válido o primeiro testamento (que foi, por explícita vontade do pai, substituído por um segundo e último), e – contraditoriamente – mantivesse válido também o segundo testamento, de modo que haveriam dois testamentos válidos: o primeiro torna herdeiro só o primogênito e o outro todo o restante dos filhos, coisa que é impossível “pela contradição que não permite”.

Em suma, João Paulo II “judaíza” seguindo as pegadas do Concílio Vaticano II, ou seja, volta para antes do Concílio de Jerusalém, onde foi definido pelos apóstolos “com Pedro e sob Pedro”, a unicidade da redenção e salvação do gênero humano realizada por Cristo, mediante a fé sobrenatural em Cristo-Deus e as boas obras. O Concílio de Florença (1438-1445) definiu que a observância legal do Antigo testamento cessou com a vinda de Cristo e assim teve início os Sete Sacramentos do Novo Testamento (Dz. 712). Por outro lado, João Paulo II tenta reintroduzir o culto e as práticas do Antigo Testamento que são “mortuae et mortiferae”, visto que significavam a realidade do Cristo vindouro. Ora, respeitá-los ainda hoje significa negar implicitamente que Cristo é o único Salvador da humanidade (“Não há salvação em nenhum outro, porque, sob o céu, nenhum outro nome foi dado aos homens, pelo qual devamos ser salvos”; Atos IV, 12), que Ele ainda não veio e, portanto, a Antiga Aliança deve ainda ser mantida, pois ainda não se fez presente o Messias, mediador universal entre Deus e o homem.

Tais erros conduzem à apostasia, à mudança de uma religião (Cristianismo, que finca suas raízes no Antigo Testamento) por uma outra (o Judaísmo, que nega o Salvador universal que a fé católica reconhece só e exclusivamente em Cristo).

Pela primeira vez e “com autoridade”?

Em 13 de abril de 1986, durante a visita à sinagoga romana, João Paulo II «tendo citado a passagem de Nostra Aetate em odes e as manifestações de antissemitismo das quais os judeus são vítimas, acrescenta: “Em qualquer época e por qualquer autor”; o pontífice acrescenta: “repito por qualquer pessoa”. Ele seguramente pensava em ambos os seus predecessores, por exemplo Paulo VI»[14].

O Irmão Jean-Miguel Garrigues comenta que «levou mais de dezenove séculos para a Igreja enquanto tal dirigisse sua atenção sobre “o vínculo que une espiritualmente o povo do Novo Testamento com a raça de Abraão (“N.A.” n.º 4). Pronunciando-se pela primeira vez com autoridade, a Igreja expôs ao Concílio Vaticano II os fundamentos revelados da sua fé sobre a vocação sobrenatural do povo judeu. O Concílio Vaticano II deu[…] um olhar de fé sobre o povo de Israel[…], que vincula a Igreja propriamente dita pelo seu Magistério doutrinal, ao contrário de tantas disposições disciplinares de tantos concílios e de papas durante a cristandade, de tal modo dependentes das contingências históricas, que são garantidos pela assistência divina de tipo prudencial e falível na ordem de disciplina e governo da Igreja».

Não pode passar em branco que a parte da declaração “N.A.” que diz respeito ao povo judeu é o único texto do Concílio Vaticano II em que as referências são exclusivamente das Escrituras, sem qualquer texto posterior anexo. Isso significa, segundo o Irmão, que «o Concílio não encontrou expressões adequadas para ensinar a doutrina da fé nas numerosas passagens dos Padres, Doutores e Santos que trataram do judaísmo. Na verdade, estes textos estão contaminados por condicionamentos muito humanos provenientes da polêmica entre cristãos e judeus. […] Seria de se esperar que a releitura, no espírito de arrependimento, desprezo e violência antijudaica…, fosse feita mediante uma interpretação mais explícita da autêntica doutrina da fé católica sobre o povo judeu, como o magistério supremo da Igreja começou a ensinar ex professo pelo Concílio Vaticano II. […] o Magistério continua a corrigir, por meio da autoridade da doutrina da fé, as opiniões teológicas que estão na base do ensinamento [patrístico] do “desprezo”; estas opiniões teológicas, por “comuns” que tenham sido na cristandade, são somente opiniões humanas prováveis que não exprimem adequadamente a fé católica e não vinculam a Igreja enquanto tal […]. Os judeus que não creram em Jesus continuam inseridos no plano da salvação: eles, embora negando-se a entrar na Nova Aliança messiânica, continuam sendo o Único Povo de Deus […] a fórmula “irmãos maiores”, usada por João Paulo II em 1986 na sinagoga romana, deriva da liturgia da Sexta-Feira Santa: “o povo que Deus escolheu primeiro”».

Observemos:

1º) É grave afirmar que os papas anteriores a João Paulo II favoreceram o ódio antissemita, e que só com o Concílio Vaticano II (1962-1965) a Igreja deu uma resposta adequada à relação entre cristianismo e judaísmo pós-cristão.

As relações entre Antigo e Novo Testamento estão na base da fé da Igreja: ora, se os papas anteriores a João Paulo II não ensinaram corretamente a doutrina da Fé da Igreja sobre tal problema, as portas do inferno teriam prevalecido contra Ela e a promessa de Cristo teria sido falsa (portae inferi non praevalebunt).

2º) Igualmente grave é a afirmação segundo a qual a Igreja docente tenha levado dezenove séculos para examinar as relações entre cristianismo e judaísmo pós-bíblico, ou seja, o vínculo espiritual entre os descendentes de Abraão segundo a carne e o sangue e os cristãos. São João já em seu Evangelho e São Paulo em suas Cartas, divinamente inspirados, resolveram admiravelmente o problema; os Padres comentaram de maneira unânime; ora, o consenso moralmente unânime entre eles em matéria de fé e moral sobre o significado das Sagradas Escrituras é infalível, pois nos faz conhecer a tradição divino-apostólica no seu verdadeiro significado (V. ZUBIZARRETA, Teologia dogmatico-scolastica, ed. El Carmen, Vitoria, 1948, vol. I, n° 699, tese IV).

3º) É igualmente falso que a Igreja tenha se pronunciado pela primeira vez e com autoridade, expondo sua fé sobre as relações entre cristianismo e judaísmo rabínico, no Concílio Vaticano II, e que teria vinculado a Igreja docente e hierárquica, por meio de seu magistério doutrinal e não disciplinar (mas não foram os Papas que na convocação para o Concílio Vaticano II disseram que ele é pastoral e não doutrinal, e por isso não havia vinculação da infalibilidade?).

Antes do “ano zero” marcado pelo Concílio, teriam havido apenas disposições disciplinares de muitos papas, disposições falíveis, uma vez que elas dependiam das contingências históricas da época. Isto não é, e não pode ser verdadeiro. Desde o Concílio de Jerusalém, a Igreja com seu primeiro papa, São Pedro, expressou-se doutrinalmente (e não deixou de tirar daí consequências práticas até Pio XII) sobre os “judaizantes”, que surgiram novamente durante o Concílio Vaticano II.

Todas as decisões disciplinares dos Papas sobre os judeus são derivadas de um juízo doutrinal sobre os erros do talmudismo; tais juízos doutrinais vinculavam a autoridade da Igreja que, desta maneira, era assistida infalivelmente.

4º) Demandar uma interpretação mais explícita da fé católica sobre o judaísmo pós-bíblico é tão ambíguo quanto o Vaticano II. Com efeito, o autor acrescenta que o Magistério supremo começou a dar essa resposta com o último concílio e por isso deixa entender que ela ainda deve ser completada. Mas dada a mentalidade historicista do autor que, historicizando, relativiza tudo (os Papas e os Padres estavam condicionados pelas polêmicas de seu tempo e por isso não resolveram o problema com autoridade doutrinal, mas só com opiniões pessoais e falíveis), não se pode excluir que também o Vaticano II tenha sentido de novo os influxos do seu tempo e tenha se deixado influenciar por eles, por onde sua interpretação não seria adequada e será revista e corrigida até o infinito.

5º) É falso que os Padres tenham expressado opiniões (e não certezas) teológicas, que apesar de serem comumente ensinadas, devem ser corrigidas pelo Magistério infalível, na medida em que eram humanas e somente prováveis. Já vimos, com efeito, que “em matéria de fé e moral, o consenso moralmente unânime dos Padres é um testemunho irrefutável da Tradição divina” (V. ZUBIZARRETA, op. cit. n° 699).

6º) A verdade é que a Escritura revelou e o Magistério definiu que Jesus é o único Salvador de todos os homens (inclusive os judeus), e que Ele fundou uma só Igreja, fora da qual não há salvação para ninguém (inclusive para os judeus).

Afirmar que os judeus, que ainda não creem em Jesus, estão inseridos igualmente no plano da salvação, significa negar a Revelação divina e “judaizar”. Com efeito, foi revelado que Jesus é “o único mediador entre Deus e os homens” (1Tim. II, 5), que “Não há salvação em nenhum outro” (Atos IV, 12), que sejamos “justificados, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo” (1Cor 6, 11), que “Cristo morreu por todos” (2Cor V, 14-15), “todo o que crê nele, recebe por meio do seu nome, a remissão dos pecados” (Atos X, 43), que “fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho” (Rom V, 9-10). Ademais, Jesus afirma: “Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, será salvo” (Jo X, 9), “O que crer e for batizado, será salvo; o que, porém, não crer, será condenado” (Mc XVI, 15), “Quem não é comigo, é contra mim; e quem não colhe comigo desperdiça” (Lc XI, 32), “Quem Nele crê, não é condenado, mas quem não crê, já está condenado” (Jo III, 18), que “Deus, segundo a sua promessa, suscitou um Salvador a Israel, Jesus” (Atos XIII, 23), que “o Pai enviou o seu Filho como Salvador do mundo” (1Jo IV, 14) que “por Ele (Cristo) fossem reconciliadas consigo todas as coisas, pacificando pelo sangue da sua cruz, tanto as coisas da terra como as do céu” (Col I, 19-20) o qual é “Mediador da Nova Aliança” (Heb XII, 24).

A Igreja definiu infalivelmente e imutavelmente que Cristo é legislador e juiz de todos os homens (DS 1571), e que por meio da morte na Cruz, Cristo nos resgatou e nos reconciliou com Deus (DS 1740 e 1531), e que Cristo morreu por todos os homens, sem exceção (DS 1522) e que com sua paixão mereceu nossa justificação (DS 1529), que “jamais alguém concebido de homem e de mulher foi libertado do domínio do demônio, senão pela fé no mediador entre Deus e os homens Jesus Cristo” (DS 1347), que “a Igreja de Cristo é necessária para a salvação de todos, extra quam (Eclesiam) nulla salus, nec remissio peccatorum, onde devem ser membros da Igreja, pelo menos in voto, todos aqueles que querem se salvar” (DB. 388, 626, 1646, Concílio de Latrão IV; Concílio de Florença): este é um dogma de fé, fundado sobre a Vontade positiva de Deus, onde não pode ser salvo quem, conhecendo a instituição divina da Igreja, se recusa a entrar Nela.

Esta é a fé da Igreja.

O cardeal Pietro Parente (citado por Mons. Francesco Spadafora) recapitula: “É verdade de fé que Cristo seja Mediador perfeito entre Deus e os homens. São Paulo em 1Tim II, 5 diz: “Com efeito, há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, que é Jesus Cristo homem”. Concordam nisso os Padres e o Magistério da Igreja (Conc. Trid. Sess. 5, DB. 790)”[15].

7º) A expressão utilizada por João Paulo na sinagoga romana (1986), com a qual chama os judeus de “irmãos maiores na fé” já se encontra na nova liturgia (1970) da Sexta-Feira Santa, onde se fala do “povo judeu que Deus escolheu primeiro”. Mas o autor não distingue o povo do Antigo Testamento, fiel ao mosaísmo (o qual foi escolhido primeiro cronologicamente, por pura e gratuita bondade de Deus, e não ontologicamente por um mérito intrínseco ao povo hebreu), e o povo judeu pós-bíblico que abandonou Moisés em troca do talmudismo rabínico-farisaico.

Conclusão

Pode-se tranquilamente concluir que o magistério de “N.A.” e dos ensinamentos posteriores a ela, sobre as relações “espirituais” da Igreja com o judaísmo pós-cristão, estão em oposição com aquele da Escritura, dos Padres da Igreja e dos Doutores da Igreja. A ambiguidade de “N.A.” e o erro manifesto dos ensinamentos dados à luz de “N.A.” levam a supor que o judaísmo religião pós-bíblica esteja livre de qualquer erro. Se fosse esse o caso, seria preciso pensar que a Tradição divino-apostólica e o Magistério da Igreja pré-conciliar são falsos. Mas isso é impossível, dada a indefectibilidade da Igreja e a assistência divina prometida pela Lei.

Além disso, quando se lê os textos do Concílio Vaticano II e o magistério subsequente, pode-se ver a afirmação, da parte de quem os elabora e interpreta, de um magistério autêntico (sobre as relações com o judaísmo) que teria início com “a Igreja do Concílio” (Card. Walter Kasper; o Card. Benelli havia falado de “Igreja conciliar”) e que claramente está em contradição com aquele da patrística e da Igreja pré-conciliar; o que o torna inaceitável. Por isso, é preciso corrigir os documentos pastorais do Vaticano II segundo a doutrina imutável dos concílios dogmáticos da Igreja.

Agobardo

Notas

  1. J. STERN, Jean Paul II face à l’antijudaisme in “Radici dell’antigiudaismo in ambiente cristiano. Colloquio intraecclesiale”. Atas do Simpósio teológico-histórico, Cidade do Vaticano, 30 outubro – 1 de novembro de 1997, LEV, Cidade do Vaticano, 2000, pp. 64-65.
  2. E. TOAFF, Essere ebreo, Bompiani, Milano 1994, pag. 13.
  3. V. ZUBIZARRETA, Theologia dogmatico-scolastica, ed. El Carmen, Vitoria, 1948, n° 699, tese IV.
  4. D. JUDANT, Iudaisme et Christianisme éd. du Cedre, Paris, 1969, pp. 88-91. Idem, Jalons pour une théologie chrétienne d’Israel, éd. Du Cèdre, Paris, 1975, pp. 7-15.
  5. Cf. Monsignor L. M. CARLI, La questione giudaica davanti al concilio Vaticano II, in “Palestra del Clero”, n° 4, 15 fevereiro de 1965, pp. 192-203.
  6. M. DUBOIS, Status quaestionis della problematica dell’antigiudaismo, in “Radici dell’antigiudaismo in ambiente cristiano. Colloquio intraecclesiale”. Atas do Simpósio teológico-histórico, Cidade do Vaticano, 30 outubro – 1 de novembro de 1997, LEV, Cidade do Vaticano, 2000, pp. 41-42.
  7. 7. P. BEAUCHAMP, Remarques additives sur l’antijudaisme, in Radici dell’antigiudaismo , p. 118.
  8. 8. N. LOHFINK, L’Alleanza mai revocata. Riflessioni esegetiche per il dialogo tra cristiani ed ebrei. Queriniana, Brescia, 1991.
  9. Ibidem, p. 13.
  10. Heb. VIII, 13.
  11. N. LOHFINK, op. cit.
  12. Ibidem, pp. 21-22.
  13. Ibidem, p. 22.
  14. J. STERN, Jean Paul II face à l’antijudaisme, in Radici dell’antigiudaismo in ambiente cristiano, cit., pag. 59.
  15. F. SPADAFORA, Fuori della Chiesa non c’è salvezza, Krinon, Caltanisetta, 1988.