PÁTRIA, NAÇÃO E ESTADO: DOS TERMOS AOS CONCEITOS, PELO PROF. GIOVANNI TURCO

Nesta palestra, o Prof. Giovanni Turco confronta a noção moderna de pátria, nação e Estado com aquelas que vigoravam na época medieval. Quando se dizia pátria no século XII, estava-se dizendo a mesma coisa que hoje? Esta é uma das perguntas que o autor busca responder, sempre amparado pela filosofia realista aristotélico-tomista do ser.

Giovanni Turco atualmente leciona Filosofia do Direito Público, Teoria e Ética dos Direitos Humanos e Ética Profissional na Universidade de Udine. Anteriormente, ele ministrou cursos de Filosofia Teórica no Curso Especial de Habilitação da Universidade de Nápoles ‘Federico II’, História do Pensamento Político na Universidade Europeia de Roma e Historiografia Filosófica Medieval na Pontifícia Universidade Salesiana.

A VERDADEIRA ISRAEL SEGUNDO A FÉ

Israel perde a guerra pelos corações e mentes do mundo ocidental |  Metrópoles

Fonte: Sì Sì No No, Ano XXXIII, n. 18 – Tradução: Dominus Est

É formalmente e explicitamente revelado que existe uma Israel segundo o espírito e outra Israel segundo a descendência carnal.

Com efeito, São Paulo escreve: “Porque nem todos os que descendem de Israel, são verdadeiros israelitas (herdeiros das promessas); nem os que são da linhagem de Abraão (são) todos (seus) filhos” (Rom. IX, 6-7). Isso quer dizer que existe uma Israel carnal: aqueles que descendem de Israel e são “da linhagem de Abraão” por nascimento; e existe uma Israel espiritual: aqueles que têm a fé de Abraão e acreditaram na vinda do Messias, Jesus Cristo. Em suma, a verdadeira descendência de Abraão não é determinada pelo nascimento, mas pela fé em Jesus Cristo: “Se sois de Cristo, sois a descendência de Abraão, os herdeiros segundo a promessa — Si autem vos Christi, ergo semen Abrahae estis, secundum promissionem haeredes” (Gal. III, 29).

Por isso, é formalmente e implicitamente revelado (em “Israel segundo a carne” 1Cor. 10-18) que existe uma falsa Israel. Falsa porque não acolheu o Messias e impediu o seu conhecimento entre os gentios. E há uma verdadeira Israel que, respondendo à sua vocação, acolheu Cristo e pregou-O aos gentios.

Consequentemente, é pelo menos “virtualmente revelado”, ou seja, há ao menos uma “conclusão teológica” de que existe uma nova Israel: o cristianismo ou a Nova Aliança no sangue de Cristo; e uma velha Israel: o mosaísmo ou a Antiga Aliança, que era figura e preparação para Cristo (Rom. X, 4: “finis enim Legis Christus”; “o fim da Lei é Cristo”). Continuar lendo

TERRA PLANA? OS BASTIDORES DE UMA FALSIFICAÇÃO PARTE 4/4

Eclipse Solar na Imago Mundi de Gossuin de Metz – 1246

Não, a falsificação de que falaremos não vem da NASA, mas diz respeito à ideia profundamente arraigada, mas falsa, de uma Idade Média “terraplanista” e aos fundamentos ideológicos deste mito. Depois de ter refutado o mito de uma Idade Média que pensava que a terra era plana, e de ter esclarecido como esta ideia se estabeleceu, é necessário considerar o nascimento do mito.

Fonte: FSSPX – News – Tradução: Gederson Falcometa

A inércia de uma falsificação

Todos esses elementos [cfr. artigo (3)] podem enganar os não iniciados, mas não conseguem impressionar nem mesmo um historiador sério. Os primeiros propagadores do mito foram os mais culpados. Mas passadas as primeiras falsificações, as subsequentes repetiram o catecismo voltariano, movidas por uma fé cega no progresso, sem olhar crítico, e com o tempo, a falsificação repetida milhares de vezes assumiu o valor de uma verdade histórica consolidada.

Michelet, que merece o título de romancista e não de historiador, obviamente retomou esta fábula, entre muitas outras. Foi ampliado também por Antoine-Jean Letronne, titular da cátedra de história do prestigiado Collège de France no século XIX [1]. O tempo fez errar um autor como Arthur Koestler, mesmo se estes tenham contribuído para desmistificar o caso Galileu [2].

Existe até um livro de 2015 que pretende “desmascarar os mitos” e lhe transmite uma versão ligeiramente atenuada [3]. Inicialmente, este mito foi difundido principalmente por círculos anticatólicos, mas com o tempo rapidamente passou a enganar os católicos. Continuar lendo

TERRA PLANA? OS BASTIDORES DE UMA FALSIFICAÇÃO PARTE 3/4

Cristo que rege o globo terrestre, Catedral de Reims, século XIII

Não, a falsificação de que falaremos não vem da NASA, mas diz respeito à ideia profundamente arraigada, mas falsa, de uma Idade Média “terraplanista” e aos fundamentos ideológicos deste mito. Depois de ter refutado o mito de uma Idade Média que pensava que a terra era plana, e de ter esclarecido a forma como esta ideia foi imposta, é necessário considerar o ensinamento da Sagrada Escritura e da Igreja.

Fonte: FSSPX – News – Tradução: Gederson Falcometa

A Bíblia é “terraplanista”?

No tribunal do “terraplanismo”, Voltaire obviamente chama as Sagradas Escrituras para o banco dos réus. Ele escreve com sua ironia cáustica característica: “O devido respeito pela Bíblia, que nos ensina muitas verdades mais necessárias e mais sublimes, tem sido a causa deste erro universal entre nós. Descobrimos no Salmo 103 que Deus espalhou o céu sobre a Terra como uma pele” [1].

Certamente, se quisermos extrair das Escrituras uma admissão de “terraplanismo”, podemos sempre enjaular esta ideia preconcebida num versículo que de alguma forma se encaixe nela [2]. O contrário também é possível, uma vez que a Vulgata designa regularmente a Terra com a palavra “orbis“, que facilmente traduziríamos como “globo” [3].

Mas em vez de conduzir estes debates estéreis, lembremo-nos deste conhecido princípio católico segundo o qual a Escritura deve ser lida à luz da interpretação dos Padres. Mas Voltaire não é um Pai da Igreja. Em vez disso, deixemos a palavra à extraordinária sabedoria de São Basílio de Cesaréia († 379):

“Os físicos que estudaram o mundo têm falado muito sobre a forma da Terra, se é uma esfera ou um cilindro, se se assemelha a um disco e é arredondada em todos os lados, ou se tem a forma de uma carruagem, e se é oca no centro; pois tais são as ideias que os filósofos tiveram e com as quais lutaram entre si.” Continuar lendo

TERRA PLANA? OS BASTIDORES DE UMA FALSIFICAÇÃO PARTE 2/4

Imago Mundi, de Gossuin de Metz

Não, a falsificação de que falaremos não vem da NASA, mas diz respeito à ideia profundamente arraigada, mas falsa, de uma Idade Média “terraplanista” e aos fundamentos ideológicos deste mito. Depois de ter refutado o mito de uma Idade Média que pensava que a terra era plana, agora é necessário esclarecer como esta ideia se estabeleceu.

Fonte: FSSPX – News – Tradução: Gederson Falcometa

Bastidores do mito

Poderíamos dar pouca importância a tudo isso. Afinal, o cristão pode salvar a sua alma independentemente da forma que dê à Terra. O essencial não será talvez esta redução assustadora da esperança de vida que hoje é de “apenas” 85 anos, enquanto na Idade Média era a esperança da vida eterna?

Certamente, mas o que nos interessa aqui não é a forma da Terra ou a ciência dos tempos antigos, mas a origem do mito contemporâneo e o que ele nos diz sobre o nosso tempo. Este mito serviu durante muito tempo como uma fórmula pronta para ridicularizar de uma só vez a suposta estupidez da era cristã condensada sob o termo redutor “Idade Média”.

Mas este alegado “obscurantismo” volta-se contra os propagadores do mito, tanto mais fortemente quanto o acesso ao conhecimento é hoje incomparavelmente melhor do que na época em que a imprensa ainda não existia. É fácil dissipar o mito do “terraplanismo” medieval, enquanto na Idade Média era necessária uma energia considerável para preservar o conhecimento dos antigos. Continuar lendo

TERRA PLANA? OS BASTIDORES DE UMA FALSIFICAÇÃO PARTE 1/4

A coroação de Otão III em 983.
O imperador tem na mão o globus crucifiger.

Fonte: FSSPX – News – Tradução: Gederson Falcometa

Não, a falsificação de que vamos falar não vem da NASA, mas diz respeito à ideia arraigada, mas falsa, de uma Idade Média de “terraplanista” e aos fundamentos ideológicos deste mito.

A recente coroação de Carlos III nos deu uma imagem que parece ter saído de um livro de história: o novo rei Carlos III tem nas mãos as insígnias do poder real, incluindo o globus cruciger, ou seja, a esfera encimada por uma cruz, que simboliza a Terra redimida pela Cruz de Jesus Cristo. Esta esfera tem um uso muito antigo.

É encontrada ao longo de toda a Idade Média, principalmente nas representações de Cristo, que segura o globo na mão ou o tem sob os pés. A esfera apresenta um hemisfério delineado em três partes devido aos três continentes conhecidos na época. Assim, um fato se destaca: a Terra é representada como uma esfera muito antes da descoberta da América.

Isto deverá levantar questões sobre um mito muito difundido, nomeadamente o de que “na Idade Média acreditava-se que a Terra era plana”. Ouvimo-lo da boca de jornalistas, intelectuais, antigos ministros como Marlène Schiappa ou Claude Allègre, e até em filmes históricos, livros de história e livros escolares, mesmo os mais recentes. Continuar lendo

DO NOVO SUPREMACISMO AO TRANSCOMUNISMO

La Cappa eBook de Marcello Veneziani - EPUB Livro | Rakuten Kobo Brasil

Extraído do livro La Cappa, de Marcelo Veneziani – Tradução de Gederson Falcometa

Deixemos a arte e a literatura e voltemos ao mundo atual que se pretende corrigir. O que leva as pessoas dotadas de razão, algumas das vezes eruditas, a se tornarem intolerantes, teimosas, incivilizadas, rudes; qual é o dispositivo mental, a mácula, que gera preconceitos e legitima novas obtusidades? O primeiro vício decorre da rejeição da realidade em prol da representação ideológica e moralista: mascarar a realidade para esconder, corrigir, padronizar, negar as diversidades, a dura verdade. Se algo não agrada ou contrasta com o esquema, as conotações são alteradas. Moralismo corretivo.

O segundo é inverter a causa e o efeito. Denunciar a repressão mas esquecer a violência ou o abuso a que reage; aliás, inverte a sequência, a violência reage à repressão, é um protesto contra ela.

O terceiro é usar o caso para quebrar a regra. Se houver um abuso na família ou se um policial cometer um crime, inicia o processo a família ou as forças de ordem, se invocam leis especiais contra eles, se deslegitimizam. Mas um em cada cem casos de abuso mostra que a regra geral vale para todos os outros. Perde-se o senso das proporções entre a realidade e as suas degenerações, destroem-se as instituições e derrubam-se as regras em nome da exceção para refazer a norma. Continuar lendo

NOVOS CURSOS DO PRIORADO DA FSSPX EM SANTA MARIA/RS DISPONÍVEIS

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Prezados amigos, leitores e benfeitores,  louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

Uma excelente notícia, uma excelente novidade!!!

Os “Cursos das Quartas-feiras” do Priorado Imaculado Coração de Maria, de Santa Maria/RS, antes disponíveis apenas em DVD, estão sendo agora disponibilizados para compra através da plataforma Hotmart.

Aos poucos, os responsáveis subirão todos os títulos.

Acessem a plataforma através desse link: https://hotmart.com/pt-br/club/public/curso4afeira/products e aproveitem essas excelente formações para aprendizado, crescimento na espiritualidade, na fé,  nutrindo-se da verdadeira Doutrina católica.

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O Curso das Quartas-feiras é uma instituição herdada de uma longa tradição, e consiste num esforço de olhar para as diversas áreas do conhecimento (como a História, a Arte, a Política…) à luz da Verdade revelada à Igreja Católica.

A Religião não é, por um lado, uma atividade humana a mais, paralela às outras. Mas tampouco é uma substituição e aniquilação das diversas disciplinas do conhecimento humano.

O objetivo destes cursos é iluminar com a Fé essas muitas disciplinas, a fim de que possam brilhar no lugar próprio para o qual foram criadas por Nosso Senhor. Se o objetivo é tão universal, o ambiente não poderia ser mais “paroquial”: é o exercício da autoridade e governo intelectual e espiritual dos Padres sobre estes fiéis concretos.

A distribuição virtual dos cursos é feita em primeiro lugar para atender aos paroquianos de Santa Maria que queiram recapitular alguma aula, e não deve ser entendida pelos visitantes (que são bem-vindos!) como a abertura de uma banquinha no livre mercado de ideias da internet, erro tipicamente moderno que destrói completamente o sentido do Magistério de Cristo e de Sua Igreja. É um convite a entrar no nosso salão paroquial (e até a eventual crueza técnica da imagem e do som, o barulho das crianças ou dos grilos têm, pelo menos, a virtude de ajudar a lembrar disso) e compartilhar, filialmente, do bem difundido por essa autoridade paterna, real e concreta. “Pega um pedaço de bolo, enche o copo de quentão ou limonada e vamos rezar para começar.”

GUERRA E PAZ

Líbia, Síria, Armênia, Ucrânia: uma ladainha inacabada de uma longa série de guerras que marcaram a última década… Como encontrar a paz?

Fonte: Lou Pescadou nº 230 – Tradução: Dominus Est

É certo que Caim e Abel nos ensinaram que a guerra é sempre a consequência do vício: é habitada pela ganância e pela inveja, pela sede de poder e pelo desejo de derrubar. Nesse sentido, é a prova irrefutável do pecado original. Importa-nos, pois, perguntar: se a multiplicação dos confrontos violentos, tanto internamente (em nossos países) como internacionalmente, não seria uma manifestação do pecado que, desde o início, viciou nossas sociedades modernas? Em outras palavras, a guerra, a violência e a destruição não estariam inscritas no próprio DNA do chamado mundo ocidental? Não seriam parte integrante da sua identidade? Isso seria muito grave porque mostraria como nossa cultura é uma cultura de morte, e o quanto nossas sociedades, longe de se unirem, dissolvem-se e dividem-se por natureza.

Não é segredo que o espírito da Revolução Francesa trouxe consigo sua parcela de conflitos, internos e externos. O filme Vaincre ou mourir soube dizer tudo isso. Esse fluxo, infelizmente, jamais se esgotou. Trazendo para uma pequena escala, as greves de hoje recordam-nos disso, assim como os grandes conflitos da última década. Poderia ser de outra forma? Existe paz quando o desejo humano se concentra principalmente nos bens que se multiplicam quando são partilhados. 

Assim são os bens de ordem espiritual: quando comunicada, a alegria multiplica-se, a partir si mesma. 

Assim é Deus: todos tem sua parte e todos a têm em sua totalidade. 

Só há paz interior, portanto, quando o desejo do Infinito que habita no coração humano pode ser alcançado nesse Infinito, e só há paz social e internacional na medida em que este mesmo Infinito é colocado no ápice da busca humana. Quando, ao contrário, os bens espirituais são renegados ou, semelhantemente, são colocados numa esfera puramente privada, então reina a busca pelos bens materiais, de riquezas temporais que se dividem cada vez que são compartilhadas. A sede pelo Infinito então se transforma em ganância, cada vez mais, e o outro torna-se um rival. Ora, nossas sociedades ocidentais definem-se como sociedades de consumo, centradas em bens materiais e perecíveis e admitem também ter como regulador o interesse, e não mais o bem Infinito. Tudo está dito. Eles dividem-se ao invés de unirem-se. São, por natureza, geradores de conflitos, guerras e greves. Continuar lendo

ATENÇÃO – MAIS CURSOS DA FSSPX A DISPOSIÇÃO

O Priorado da FSSPX em Santa Maria/RS está disponibilizando outros 3 Cursos na Plataforma Hotmart.

Os dois primeiros são bem apropriados para nossos dias atuais. O de Fátima mostra como o socialismo que a Igreja tanto combate é a consequência inevitável do liberalismo. O outro, da Revolução Francesa, mostra como essa agitação atual que o País (e também o mundo) passa se dá no espírito dela.

Curso ministrado pelo Pe. Luiz Cláudio Camargo, da FSSPX (Fraternidade Sacerdotal São Pio X) em 2017, no Priorado Imaculado Coração de Maria, em Santa Maria, Rio Grande do Sul. Dividido em sete aulas.

  • Introdução geral
  • As cinco Rússias
  • Liberalismo e nihilismo
  • Revolução soviética
  • “Nossa Senhora disse-me” (Resumo das aparições)
  • “A Rússia espalhará os seus erros pelo mundo” (Natureza do comunismo)
  • Conclusão: França e Rússia

Para adquirir esse Curso clique aqui.

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Curso ministrado pelo Pe. Luiz Cláudio Camargo, da FSSPX (Fraternidade Sacerdotal São Pio X) em 2017, no Priorado Imaculado Coração de Maria, em Santa Maria, Rio Grande do Sul. Dividido em treze aulas.

  1. Introdução
  2. Enciclopedismo: a revolução é contra Deus
  3. Rebelião das nações, ou o problema dos jesuítas
  4. Rebelião das nações II, ou o problema da nobreza
  5. Luís XVI e os notáveis do reino
  6. Revolução burguesa
  7. A burguesia instala se no poder – Marat, Desmoulins, Sieyès, Mirabeau Video link
  8. O poder passa aos agitadores – Girondinos, Jacobinos, Danton
  9. Terror como método – Robespierre, Saint-Just
  10. A República burguesa, ou termidor
  11. Napoleão: “Eu sou a Revolução”
  12. O Império, ou o conservadorismo revolucionário
  13. Conclusão: o Estado moderno

Para adquirir esse Curso clique aqui.

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Curso ministrado pelo Pe. Luiz Cláudio Camargo, da FSSPX (Fraternidade Sacerdotal São Pio X) em 2018, no Priorado Imaculado Coração de Maria, em Santa Maria, Rio Grande do Sul. Dividido em oito aulas.

  1. Introdução geral
  2. O que é heresia?
  3. Arianismo: o racionalismo naturalista
  4. Maometismo: a heresia que veio de fora
  5. Heresia albigense: um corpo estranho
  6. Protestantismo: dissolução da unidade
  7. Modernismo I: dissolução da inteligência
  8. Modernismo II: encíclica Pascendi. Conclusão

Para adquirir esse Curso clique aqui.

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13 DE AGOSTO EM FÁTIMA: A APARIÇÃO QUE A MAÇONARIA QUERIA EVITAR

Durante a sua primeira aparição às três crianças de Fátima, no domingo, 13 de maio de 1917, a Virgem pediu-lhes que viessem todos os dias 13 dos meses seguintes. Mas em 13 de agosto, quando uma multidão de 20.000 pessoas já lotava a Cova da Iria, nenhum dos três pastores esteve presente.

Clique na imagem para ler o texto completo

 

ATENÇÃO – MAIS CURSOS DA FSSPX A DISPOSIÇÃO: OS SANTOS PADRES E J. R. R. TOLKIEN

O Priorado da FSSPX em Santa Maria/RS está disponibilizando outros 2 Cursos na Plataforma Hotmart:

Curso ministrado pelo Pe. Luiz Cláudio Camargo, da FSSPX (Fraternidade Sacerdotal São Pio X) em 2019, no Priorado Imaculado Coração de Maria, em Santa Maria, Rio Grande do Sul. Dividido em 16 aulas.

  • Introdução geral
  • Padres apostólicos e as atas dos mártires
  • As escolas de Alexandria e de Antioquia
  • Monaquismo primitivo e beneditino
  • Santos Padres gregos – São Basílio Magno, São Gregório Nazianzeno, São João Crisóstomo e Santo Atanásio
  • Santo Ambrósio: vida
  • Santo Ambrósio: obras
  • São Jerônimo: vida
  • São Jerônimo: obras
  • Santo Agostinho: sua caída
  • Santo Agostinho: seu caminho de regresso
  • Santo Agostinho: obras
  • São Gregório Magno: na confluência de dois mundos
  • São Gregório Magno: obras
  • Santos Padres surgidos dos bárbaros convertidos
  • Conclusão

Para adquirir esse Curso clique aqui.

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Curso ministrado pelo Pe. Luiz Cláudio Camargo, da FSSPX (Fraternidade Sacerdotal São Pio X) em 2010, no Priorado Imaculado Coração de Maria, em Santa Maria, Rio Grande do Sul. Dividido em 4 aulas:

  • O Drama da Inglaterra
  • Vida de Tolkien
  • Objeções a sua obra e respostas
  • O Senhor dos Anéis

Para adquirir esse Curso clique aqui.

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ESPECIAIS DO BLOG: A LEI ANTIGA E A LEI EVANGÉLICA SEGUNDO O VATICANO II E SEGUNDO A TRADIÇÃO CATÓLICA

Concílio trouxe maior participação dos leigos na missão de evangelizar -  Vatican News

Qual é a posição tradicional da Igreja em relação ao povo judeu e qual foi a posição que os homens da Igreja adotaram a partir do Concílio Vaticano II?

Para responder a esta questão, o autor deste estudo primeiro mostra a posição adotada pelos homens da Igreja desde o Concílio Vaticano II (1962-1965) e depois a contrasta com o ensinamento tradicional de Santo Tomás de Aquino em sua Suma Teológica, percorrendo os trechos da Ia-IIa que vão desde a questão 98 até a 107, que corresponde ao Tratado da lei; segundo o célebre dominicano tomista Thomas Pégues (1866-1936), sob certo aspecto este tratado é o mais teológico de toda a Suma. E para arrematar o assunto, adicionamos como apêndice um texto já publicado de outro autor que aborda de maneira mais resumida o mesmo assunto.

Introdução

Parte I

Parte II

Parte III

Parte IV

Apêndice A revolução realizada pela declaração “Nostra Aetate”: “A Antiga Aliança nunca foi revogada” (por Agobardo)

A LEI ANTIGA E A LEI EVANGÉLICA SEGUNDO O VATICANO II E SEGUNDO A TRADIÇÃO CATÓLICA – PARTE IV (FINAL)

Fonte: Sì Sì No No – Tradução: Dominus Est

A Nova Lei cumpre a Antiga, porque cumpre tudo que a Lei Antiga prometia e realiza suas figuras (S. Th., I-II, q. 107, a. 2)

Nosso Senhor Jesus Cristo afirmou: “Não julgueis que vim abolir a lei ou os profetas; não vim (para os) abolir, mas sim (para os) cumprir” (Mt. V, 17). Santo Tomás explica que por tal afirmação a Nova Lei está para a Antiga como o perfeito para o imperfeito. Agora, o que é perfeito completa o que está faltando no imperfeito. Nesse sentido, a Nova Lei completa a Antiga, pois preenche aquilo que faltava à Antiga. Ora, na Lei Antiga duas coisas podem ser consideradas:

1°) o fim, que é tornar os homens justos e virtuosos para que possam obter a Bem-aventurança (e este é o objetivo de toda lei). Portanto, a finalidade da Lei Antiga era a santificação dos homens, que, no entanto, excede as capacidades da Lei mosaica, enquanto a Lei Evangélica aperfeiçoa e cumpre a Lei Antiga, porque justifica em virtude da Paixão de Cristo. São Paulo, inspirado por Deus, escreve: “O que era impossível à Lei [Antiga], porque se achava sem força por causa da carne, Deus o realizou, enviando seu Filho em carne semelhante à do pecado, por causa do pecado condenou o pecado na carne, para que a justiça prescrita pela Lei [Nova] fosse cumprida em nós” (Rom. VIII, 3). Por este lado, a Nova Lei dá aquilo que a Antiga Lei apenas prometia e ainda não podia conferir: a graça do Espírito Santo pelos méritos de Nosso Senhor Jesus Cristo;

2°) os preceitos que Cristo cumpriu com sua obra e doutrina. Com a obra sendo circuncidado e observando todas as práticas legais até então em vigor. Com seus ensinamentos completou a Lei Antiga de três maneiras: a) explicando seu verdadeiro “significado” (o “espírito” que vivifica); isso fica claro quanto ao assassinato e adultério, para dar um exemplo; segundo os escribas e fariseus, com efeito, bastava não cometer o ato externo para não pecar, mas esse não era o verdadeiro sentido da Lei Antiga e Jesus Cristo lembra disso ensinando que mesmo o único ato interno, o pensamento consentido, já é pecado para a Lei de Moisés, então distorcida pela lei rabínica; b) indicando uma forma mais eficaz e segura de observar as regras da Lei Antiga. Por exemplo, a Lei Antiga ordenava o não perjúrio e Nosso Senhor nos ensina que para ter mais certeza de observar este preceito (que Ele não veio abolir), devemos abster-nos completamente de jurar, exceto em casos de necessidade (por exemplo, no Tribunal); c) acrescentando à Lei Antiga alguns conselhos de perfeição que facilitem o cumprimento dos Dez Mandamentos. Portanto, a Nova Lei abole a observância da Antiga Lei apenas em seus preceitos cerimoniais, que prefiguravam o Cristo vindouro (ad 1um), mas não em seus preceitos morais, que são completados nas três maneiras mencionadas acima, e portanto não foram ab-rogados. Continuar lendo

PONTO DE VISTA: QUAIS SÃO OS “VALORES DO OCIDENTE” A SE SUSTENTAR CONTRA A RÚSSIA?

O conflito entre Rússia e Ucrânia é apresentado pela grande mídia como uma cruzada pela defesa dos “valores ocidentais”, pela liberdade e pela democracia. Seria o caso então de se perguntar qual a natureza exata desses valores.

Fonte: DICI – Tradução: Dominus Est

É assim que antes de se unir — eventualmente — a todos os seus contemporâneos, numa vasta unanimidade consensual, Davide Lovat, um leitor do blog do vaticanista Aldo Maria Valli, prefere — de maneira sensata — refletir sobre quais são os valores do Ocidente hoje. Eis as partes principais da sua resposta, tais como elas foram relatadas pelo vaticanista italiano em 1 de março de 2022:

“Quais são os valores do Ocidente hoje? Houve um tempo em que eles consistiam em valores cristãos, mas hoje esses valores foram totalmente deixados de lado e são combatidos sem descanso. Então quais são eles? Tentarei listá-los aqui, adicionando um breve comentário, mas não necessariamente por ordem de importância.

“Então comecemos: há a celebração da memória da Shoah [nota do blog: o holocausto judeu da segunda guerra], o orgulho gay para afirmar socialmente a teoria de gênero, o cientificismo, o positivismo jurídico, o sincretismo religioso, o ecologismo, o imigracionismo para nutrir o multiculturalismo, a libertinagem (isto é, a pornografia, a prostituição, o aborto, a eutanásia, os “baseados” e as drogas), o estatismo elevado à dimensão continental e a cultura do cancelamento ligada ao progressismo ideológico. Continuar lendo

A LEI ANTIGA E A LEI EVANGÉLICA SEGUNDO O VATICANO II E SEGUNDO A TRADIÇÃO CATÓLICA – PARTE III

Fonte: Sì Sì No No – Tradução: Dominus Est

A Nova Lei é em primeiro lugar a graça do Espírito Santo e em segundo a Lei escrita (S. Th., I-II, q. 106, a. 1)

Santo Tomás inicia com a citação de Jeremias: “Estão a chegar os dias, diz o Senhor, em que farei nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá” (XXXI, 31). Depois cita São Paulo, que explica assim a profecia, citando a Jeremias: “Mas esta é a aliança que estabelecerei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: porei as minhas leis no seu espirito, gravá-las-ei no seu coração” (Heb. VIII, 10).

O Angélico desenvolve o dado revelado afirmando que cada coisa é constituída pelo seu elemento principal. Ora, aquilo que é principal no Novo Testamento é a graça do Espírito Santo, que deriva da Fé em Jesus Cristo. Por conseguinte, a Nova Lei é principalmente a graça do Espírito Santo, concedida a todo aquele que crê em Jesus Cristo. São Paulo, com efeito, chama de Lei a graça da Fé [‘per Legem fidei’] (Rom. III, 27), e em termos ainda mais explícitos escreve: “Com efeito, a lei do Espirito de vida em Jesus Cristo me livrou da lei do pecado e da morte” (Rom. VIII, 2). É por isso que Santo Agostinho ensina que “assim como a lei das obras foi escrita nas tábuas de pedra, assim a lei da fé foi escrita nos corações dos fiéis” (De Spiritu et littera, c. 24).

Todavia – continua Santo Tomás – a Nova Lei contém alguns dados, seja em matéria de Fé ou Costumes, os quais são como elementos aptos a predispor à graça do Espírito Santo ou a viver desta graça por meio das boas obras; e eles são aspectos secundários da Lei, que os cristãos devem aprender. Donde a conclusão que a Nova Lei é principalmente uma Lei infusa e secundariamente uma Lei escrita. Continuar lendo

A LEI ANTIGA E A LEI EVANGÉLICA SEGUNDO O VATICANO II E SEGUNDO A TRADIÇÃO CATÓLICA – PARTE II

Fonte: Sì Sì No No – Tradução: Dominus Est

Os preceitos da Lei Mosaica

Na questão seguinte (S. Th., I-II, q. 99), o Doutor Comum trata dos Preceitos da Lei de Moises. Na Lei Antiga haviam três tipos de preceitos: a) preceitos morais, que se resumem às normas da Lei natural; b) preceitos cerimoniais, que são especificações do culto devido a Deus; c) preceitos judiciais, que são determinações da justiça entre os homens [dar a cada um o que é seu].

Por que a Lei Antiga continha ameaças e promessas de bens temporais (S. Th., I-II, q. 99, a. 6)

Como nas ciências especulativas se propõem argumentos adequados às condições de quem escuta (começando pelas coisas mais conhecidas para chegar às menos conhecidas), da mesma maneira quem quer induzir um homem a observar preceitos deve partir das coisas as quais ele é mais afeiçoado (por exemplo, com pequenos presentes pode-se facilmente convencer as crianças a fazer alguma boa ação). Na q. 98, artigos 1, 2 e 3, vimos que a Lei Antiga predispunha a Cristo como as virtudes imperfeitas predispõem à perfeição: a Lei Antiga foi dada, portanto, a um povo ainda imperfeito.

Ora, para o homem a perfeição consiste no tender aos bens espirituais desprezando os temporais (perfeição relativa “in via”, que será completa só “in Patria”), enquanto é próprio dos imperfeitos desejar bens temporais, mas sempre em ordem a Deus; os perversos, ao contrário, colocam seu fim não em Deus, mas nos bens criados e temporais. Por isso era conveniente que a Lei Antiga conduzisse os homens ainda imperfeitos a Deus com a promessa de bens temporais (in corpore). Continuar lendo

A LEI ANTIGA E A LEI EVANGÉLICA SEGUNDO O VATICANO II E SEGUNDO A TRADIÇÃO CATÓLICA – PARTE I

Fonte: Sì Sì No No – Tradução: Dominus Est

Antigo e Novo Testamento segundo a doutrina tradicional

Santo Tomás de Aquino, sempre fiel à doutrina tradicional, divide a Lei divina em Lei Antiga (S. Th., I-II, qq. 98-105) e Lei Nova (qq. 106-108). A Lei Antiga é subdividida em preceitos morais [q. 100], preceitos cerimoniais [qq. 101-103] e preceitos sociais ou judiciais [qq. 104-105].

A Lei de Moisés era boa, mas imperfeita (S. Th., I-II, q. 98, a. 1)

Uma lei é boa se é consoante com a reta razão. A Lei Antiga, reprimindo a concupiscência contrária à razão [Ex. XX, 15] e proibindo todos os pecados, concordava com a razão e por isso era boa. Deve-se notar, porém, que o bem tem diversos graus, como afirma São Dionísio: com efeito, há um bem perfeito e um bem imperfeito. A bondade de um meio ordenado ao fim é perfeita se o meio é tal que por si é suficiente para induzir ao fim. É imperfeito, porém, o bem que faz algo para que se atinja o fim, mas não é suficiente para que se conduza ao fim. (Assim o remédio perfeitamente bom é aquele que cura o homem; o imperfeito ajuda o homem, mas não pode curar). O fim da Lei divina é levar o homem ao fim da felicidade eterna; tal fim é impedido por qualquer pecado, e não só pelos atos exteriores, mas também interiores. E assim aquilo que é suficiente para a perfeição da lei humana, a saber, de modo que proíba os pecados e imponha uma pena, não basta para a perfeição da Lei divina, mas é necessário que torne o homem totalmente idôneo para a perfeição da felicidade eterna. Ora, isso não se pode fazer a não ser pela graça do Espírito Santo. Tal graça a Lei Antiga não pode conferir; reserva-se isso a Cristo, porque, como é dito no Evangelho de São João: “A lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade foram feitas por Jesus Cristo” (Jo. I, 17). E daí é que a Lei Antiga é certamente boa, mas imperfeita, segundo a Carta de São Paulo aos Hebreus: “A Lei não levou nada à perfeição” (Heb. VII, 19).

A Lei do Antigo Testamento traz ao conhecimento aquilo que é bom e aquilo que é mau, mas só a Encarnação, Paixão e Morte de Cristo dão a força ao homem para que ele faça o bem e fuja do mal, ou seja, para que ele observe a Lei. Só a Lei Nova pode conduzir à felicidade eterna, porque ela é a graça do Espírito Santo derramada sobre nós pelos méritos de Nosso Senhor Jesus Cristo. A Lei Antiga não podia conferir por si a graça santificante; podia só contribuir, de modo extrínseco, para a obtenção do fim último. Continuar lendo

A LEI ANTIGA E A LEI EVANGÉLICA SEGUNDO O VATICANO II E SEGUNDO A TRADIÇÃO CATÓLICA – INTRODUÇÃO

Fonte: Sì Sì No No – Tradução: Dominus Est

Mosaísmo e talmudismo

Segundo a doutrina católica tradicional, compendiada e sublimada pelo Doutor Comum da Igreja, Santo Tomás de Aquino, a Lei talmúdica é essencialmente má na medida em que é anticristã, enquanto a Lei mosaica é boa, ainda que imperfeita, na medida em que preparava para o Cristo vindouro.

O judaísmo atual é mais herdeiro do Talmud do que da Lei mosaica: «Se ainda os israelitas estivessem na obediência ao mosaísmo puro, […] se eles tivessem como livro sagrado somente a Bíblia [sem o Talmud, n.d.a], talvez eles tivessem se fundido à Igreja nascente[…]. Uma coisa impediu essa fusão, […] foi a elaboração do Talmud, o domínio e a autoridade dos doutores que ensinaram uma pretensa tradição [a falsa Cabala, n.d.a]. O judeu […] se entrincheirou atrás dessas cercas que havia erguido em volta da Torá Esdras e dos primeiros escribas, depois dos fariseus e dos talmudistas herdeiros de Esdras, deformadores do mosaísmo primitivo e inimigos dos profetas» (LAZARE, Bernard. L’Antisemitisme son histoire et ses causes, Documents et temoignages, Vienne, 1969, p.14).

E ainda: «Pode-se dizer que o verdadeiro mosaísmo […] teria conduzido ao cristianismo, se o farisaísmo e o talmudismo não estivessem lá para manter a massa dos judeus nos vínculos das estritas observâncias e nas práticas rituais estritas» (LAZARE, op. cit. p. 16). Continuar lendo

SOBRE A CADEIRA DE MOISÉS SENTARAM-SE OS ESCRIBAS E OS FARISEUS – PARTE 3/3

Os Fariseus de hoje | Blog do Ronildo

Fonte: Sì Sì No No – 15 de dezembro de 2020 | Tradução: Dominus Est

O dízimo e a caridade

No versículo 23 do capítulo 23 do Evangelho de São Mateus, Jesus diz: “Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, porque pagais o dízimo […] e desprezais os pontos mais graves da Lei: a justiça, a misericórdia e a fidelidade”.

O preceito de Moisés sobre o pagamento do dízimo (Lv. 27, 30-33; Dt. 12, 2-27) dizia respeito a animais domésticos e alguns dos alimentos mais comuns produzidos a partir da terra (trigo, frutos das árvores, vinho, azeite…), mas os fariseus, para mostrar a todos, em vão, o seu zelo e a sua santidade exterior, chegaram ao ponto de pagar e, sobretudo, cobrar o dízimo também pelos produtos menos significativos da terra e pelas menores ervas (hortelã, endro(1) e cominho(2)). Contudo, isso não os impediu de negligenciar, especialmente se não fossem observados, os preceitos mais graves da Lei mosaica, como por exemplo a administração da justiça (que devolve aos outros o que lhe é devido) e da misericórdia (que inclui as obras de caridade e dá mais do que é estritamente devido) ou a fidelidade às alianças com Deus e para com o próximo.

Santo Tomás de Aquino (Comentário ao Evangelho segundo Mateus, n.º 1869) explica: “A intenção principal dos fariseus em fazer boas obras era a simulação. Muitos sacerdotes eram diligentíssimos em exigir o menor dízimo que lhes eram devidos, como aqueles pagos com o cominho e a hortelã, enquanto o que os fiéis deviam a Deus, como a justiça e a misericórdia, era negligenciado pelos sacerdotes, que cuidavam antes de tudo de seus próprios interesses e não dos de Deus”.

Porém, não se deve acreditar que Jesus proibiu o pagamento do dízimo, pois também disse: “Estas coisas [dízimos] devem ser feitas sem omitir aquelas [misericórdia e justiça]”, querendo Jesus dizer por isso que não condena o pagamento do dízimo como intrinsecamente mau. De fato, Ele diz que se deve fazer isso (ou seja, pagar o dízimo), mas sem omitir os deveres de caridade fraterna, como os fariseus hipocritamente o faziam. Continuar lendo

SOBRE A CADEIRA DE MOISÉS SENTARAM-SE OS ESCRIBAS E OS FARISEUS – PARTE 2/3

jesus discute com fariseus | Fé Católica de Sempre

Fonte: Sì Sì No No – 30 de novembro de 2020 | Tradução: Dominus Est

As sete maldições de Jesus contra o farisaísmo (versículos 13-29)

Com o versículo 13 começa a série de maldições ou “Ai de vós”, dirigidas diretamente contra os fariseus, que Jesus repete por sete vezes, até o versículo 29.

Primeiro “Ai de vós”: Não entrais e não deixais que outros entrem no céu

Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, que fechais o Reino dos Céus aos homens, pois nem vós entrais nem deixais que entrem os que estão para entrar” (v. 13).

O Aquinate observa: “Só se fecha o que está aberto. Ora, os ensinamentos de Cristo eram abertos e claríssimos, mas os fariseus os fecharam, tornando-os sombrios e difíceis. Por exemplo, quando o Redentor realizava milagres que provavam sua messianidade, eles diziam que Ele os realizava por meio de Belzebu, o príncipe dos demônios. Além disso, pela sua vida ruim, fecharam o acesso ao Céu, porque através do mau exemplo induziam o povo, simples fiéis, ao pecado” (Santo Tomás de Aquino, Comentário ao Evangelho segundo Mateus, n.º 1858).

São João Crisóstomo observa: “Os fariseus e os escribas não apenas se esquivam de seus deveres, mas, pior ainda, corrompem também os outros. Tais homens são chamados de pestilentos porque seu propósito é a perdição dos homens e são diametralmente opostos aos verdadeiros e bons mestres, que ensinam para salvar os outros. Eles são inúteis e incapazes de salvar os homens, pois não são apenas negligentes nisso, mas também traidores, pois corrompem e pervertem seus discípulos com o exemplo de sua vida perversa” (Comentário ao Evangelho de São Mateus, Discurso LXXIII, n.º 1).

Os fariseus com suas calúnias, suas blasfêmias e as falsas ideias que espalharam sobre o Messias, conquistador terrestre e libertador dos judeus do jugo romano, haviam distanciado o povo de Jesus (cf. M. SALES, Comentário ao Evangelho segundo Mateus). Continuar lendo

SOBRE A CADEIRA DE MOISÉS SENTARAM-SE OS ESCRIBAS E OS FARISEUS – PARTE 1/3

Quem eram os fariseus? E o que significa verdadeiramente este nome? |  Jornal da Madeira

Fonte: Sì Sì No No – 15 de novembro de 2020 | Tradução: Dominus Est

No Evangelho de São Mateus (23, 1-39), na Terça-feira Santa, Jesus fez um longo discurso onde ataca frontalmente os escribas e os fariseus, sobretudo no que diz respeito ao seu comportamento moral, mas também por alguns dos seus desvios doutrinários, que começaram (como veremos melhor a seguir) a distorcer o Judaísmo do Antigo Testamento e a preparar o caminho para o Judaísmo pós-bíblico.

Para compreender melhor o significado deste discurso do Redentor, é necessário primeiro dividi-lo em várias seções e depois ver o que a Tradição patrística, escolástica e exegética nos dizem em seus comentários sobre ele.

Prefácio: “Dixit Dominus Domino Meo” (Mt. 22, 44)

A fase que precede e que desencadeia o sermão de Jesus (Mt 23, 1-39) encontra-se também no final do Evangelho de São Mateus, no final do capítulo 22 (versículos 41-45). O Redentor acaba de encurralar os fariseus que se reuniram para lhe montar uma armadilha, perguntando-lhes: “Que vos parece do Cristo? De quem é ele filho?” (Mt 22, 41), ou seja, o Messias para vós é um simples homem, um Messias terreno ou é Deus? Os fariseus respondem que ele é filho de Davi, portanto é um simples homem, que devolverá a liberdade a Israel, expulsando os romanos. Então Jesus os incita citando o Salmo (109, 1) de Davi: “Disse o Senhor [Deus Pai] ao Meu Senhor [Filho de Deus], senta-te à minha mão direita” e pergunta-lhes: Como Davi, o Autor inspirado dos Salmos, escreveu que o Messias é seu Senhor?

Primeira parte

Então, “se Davi o chama de Senhor, como pode [o Messias] ser seu filho?”. Os fariseus não sabiam o que responder e “daquele dia em diante não houve mais quem ousasse interrogá-lo” (v. 46), mas em vez de se converterem decidiram prendê-lo e entregá-lo aos romanos para ser executado, como aconteceu três dias depois. Foi então que Jesus voltou a falar e, contra-atacando, disse-lhes: “Sobre a cadeira de Moisés sentaram-se os escribas e os fariseus…” (23, 1). Continuar lendo

ITÁLIA: AFRESCOS DE PÁDUA INSCRITOS NO PATRIMÔNIO MUNDIAL

Os afrescos do século 14, inscritos em 24 de julho de 2021 na Lista de Patrimônio Mundial da UNESCO, estão localizados em oito edifícios religiosos e seculares situados na histórica cidade murada de Pádua. Produzidos entre 1302 e 1397 por vários artistas para diferentes mandantes, os afrescos apresentam, no entanto, uma unidade de estilo e conteúdo.

Fonte: DICI – Tradução: Dominus Est

Para D. Claudio Cipolla, Bispo da cidade italiana, a decisão constitui um importante reconhecimento, tanto sob o plano artístico e turístico, como também  de fé.

Eles compreendem o ciclo de afrescos de Giotto na Capela Scrovegni, considerado como o início de uma revolução na história das pinturas murais, bem como os ciclos de afrescos de diferentes artistas: Guariento di Arpo, Giusto de Menabuoi, Altichiero da Zevio , Jacopo Avanzi e Jacopo da Verona.

Este conjunto ilustra como se desenvolveu, durante o século 14, a arte dos afrescos. Inspirados pelos avanços da ciência óptica, Giotto e outros artistas usaram ali a perspectiva espacial pela primeira vez, retratando figuras humanas com características individuais e expressões de emoção.

Pádua, no Veneto, local de nascimento de Tito Lívio, está localizada a cerca de 40 Km a oeste de Veneza. A Cappella degli Scrovegni – batizada em homenagem à família de banqueiros que mandaram pintar os afrescos nesta capela particular próxima a seu palácio – é também conhecida como Capela da Arena – e tem uma única nave, que foi pintada com afrescos de Giotto di Bondone (1267-1337), em 855 dias entre 1302 e 1305. Continuar lendo

OS CATÓLICOS INVENTARAM A CIÊNCIA

Pe. Paul Robinson, FSSPX

“Eu arguo não apenas que não há inerente conflito entre religião e ciência, como também que a teologia católica foi essencial para a promoção desta. Na demonstração dessa tese eu primeiro resumi muito dos recentes trabalhos históricos que mostram que a religião não causou a “Era das Trevas” – O conto de que após a queda de Roma uma longa noite de ignorância e superstição teria se estabelecido sobre a Europa. De fato, a Idade Média, foi uma era de profundo e rápido progresso tecnológico no final da qual a Europa ultrapassou o resto do mundo. Além disso, a chamada Revolução Científica do século XVI foi o resultado dos desenvolvimentos iniciados pelos escolásticos no século XI. Portanto, minha atenção inclinou-se para o porquê de os escolásticos interessarem-se pela ciência. Por que a desenvolveram na Europa durante esse período? Por que não desenvolveram outra coisa? Eu achei as respostas a estes questionamentos nas características sem iguais da teologia católica.”   

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Estas não são palavras de um católico, não são palavras de um “lobista” da religião. Ao contrário, elas vêm da boca do sociólogo e historiador Rodney Stark, e elas aparecem em um livro que escreveu para a editora da Universidade de Princeton1. Além disso, ele ressalta que “foi o cristianismo e não o protestantismo que sustentou a ascensão da ciência”; e que “alguns de meus argumentos centrais já se tornaram convencionais entre os historiadores da ciência.”

Neste artigo, vamos defender as afirmações de Stark explicando, primeiramente, o que era necessário para a ascensão da ciência, em seguida, porque esta ascensão não aconteceu antes da Idade Média e por fim, porque a teologia católica deu origem a ciência.

As demandas da ciência

A ciência, como conhecemos hoje, possui um específico método para investigação da realidade que envolve conduzir experimentos na natureza, medindo e quantificando os resultados, formulando teorias sobre suas leis baseadas nessas medições. A razão pela qual podemos falar de “nascimento da ciência” é que esse método não existiu durante a maior parte da história do mundo. Durante esse tempo, ninguém viu a necessidade de escrutinar a matéria de perto e ninguém viu o quão útil a medição e a matemática podiam ser para a compreensão do tecido do mundo cósmico. Desde que o método científico foi inventado, pelos escolásticos medievais católicos, quase todos clérigos, foi empregado com retumbante sucesso para o avanço do conhecimento humano.
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O CAVALEIRO E O PACTO COM O DIABO

Gárgula, da catedral Notre Dame de Paris.Um cavaleiro nobre, poderoso e rico despendeu todos os seus bens e caiu em muito grande miséria. Tinha uma esposa muito casta e devota da Santíssima Virgem Maria.

Havendo uma grande festa na cidade, o cavaleiro queria fazer muitas despesas, mas não tinha mais dinheiro. Por vergonha, foi se esconder numa mata até que passasse a festa.

Estando ele naquele lugar, apareceu-lhe uma criatura muito espantosa em um cavalo assustador, e perguntou-lhe por que estava assim tão triste.

O cavaleiro contou-lhe toda sua história. E a criatura espantosa lhe disse:
— Se quiseres fazer o que eu te mandar, eu te farei ter mais riquezas e mais honras que antes.

O cavaleiro lhe prometeu que faria tudo o que ele quisesse, se ele cumprisse o que estava prometendo. E o demônio lhe disse:
— Vai à tua casa e cava um lugar. Acharás muito ouro. E promete-me que tal dia trarás aqui a tua mulher.

O cavaleiro prometeu. Foi para casa e achou muita riqueza, segundo lhe dissera o diabo, e começou a viver como antes.

Quando veio o dia em que prometera levar sua mulher ao diabo, disse-lhe que subisse em um cavalo, porque haviam de ir longe. Apesar de grande temor, ela não ousou contradizer o marido e foi com ele, recomendando-se a Santa Maria.

Indo eles pelo caminho, viram uma igreja. Ela entrou e o marido ficou fora esperando-a. Enquanto ela rezava devotamente à Santa Virgem, adormeceu.

A Virgem tomou a semelhança daquela mulher, saiu da igreja, montou no cavalo e seguiu viagem com o cavaleiro, o qual pensava que tinha ao lado a sua mulher. Continuar lendo

O PAPA FRANCISCO E O “GREAT RESET”

Fonte: DICI – Tradução: Dominus Est

O Papa Francisco enviou uma mensagem aos participantes do Dia de Martin Luther King – um memorial em homenagem à vida e realizações do pastor batista – onde encoraja todos os filhos de Deus a serem pacificadores.

O sonho de Martin Luther King “continua vivo”, escreveu o Papa em mensagem enviada em 18 de janeiro de 2021 aos participantes desta comemoração (“Beloved Community Commemorative Service”) que encerra uma semana de celebrações nos Estados Unidos.

O Papa se refere ao famoso “sonho” expresso em um discurso proferido em 28 de agosto de 1963, inspirado nos princípios de Gandhi e direcionado contra a segregação americana.

No mundo de hoje, que enfrenta cada vez mais os desafios das injustiças sociais, divisões e conflitos que impedem a realização do bem comum, acrescenta o Papa, o sonho da harmonia e da igualdade para todos os povos de Martin Luther King, alcançada por meios pacíficos e não violentos, ainda permanece vivo.”

O Papa continua: “cada um de nós é chamado a ser um pacificador, que une ao invés de dividir, que reprime o ódio em vez de alimentá-lo, que abre caminhos de diálogo em vez de erguer novos muros”, citando sua encíclica Fratelli tutti (n ° 284). “É apenas nos esforçando todos os dias para colocar esta visão em prática que podemos trabalhar juntos para criar uma comunidade construída sobre a justiça e o amor fraterno”, disse ele. Continuar lendo

O QUE IMPEDE A CONSAGRAÇÃO DA RÚSSIA AO IMACULADO CORAÇÃO? O VATICANO II

Fonte: FSSPX México – Tradução: Dominus Est

Nossa Senhora pediu que a consagração da Rússia ao seu Imaculado Coração fosse realizada pelo Papa e por todos os bispos do mundo. Esta consagração nunca foi realizada conforme o pedido da Santíssima Virgem. Mas, por que é tão difícil realizar esta consagração, tão simples em si mesma?

Primeira razão

A consagração ao Imaculado Coração de Maria é um ato religioso dirigido a uma nação, isto é, a uma realidade política. É, portanto, contrária ao liberalismo político dos Estados preconizado pelo Concílio Vaticano II nos textos Dignitatis Humanae e Gaudium et Spes .

Segunda razão

Além disso, a consagração a Maria nada mais é do que uma “preparação para o reino de Jesus Cristo” [1]. Agora, desde o Concílio, a Roma modernista não parou de descoroar Jesus Cristo socialmente. Com efeito, foi ela quem sistematicamente organizou a apostasia das nações católicas em nome do Vaticano II [2].

Terceira razão

Essa consagração faria com que os cismáticos da Igreja Ortodoxa voltassem ao seio da Igreja Católica. É, portanto, contrário à teoria conciliar das “igrejas irmãs” (o famoso subsistit in da Lumen Gentium), segundo a qual as igrejas católica, ortodoxa e protestante são três partes da Igreja de Cristo. Continuar lendo