“JAMAIS ME TORNAREI CATÓLICA. DIZEIS E REPETIS SEMPRE AS MESMAS PALAVRAS NO ROSÁRIO, E QUEM REPETE AS MESMAS PALAVRAS NÃO É SINCERO”

Já se tem objetado que há muitas repetições no rosário, e que o «Pai-Nosso» e a «Ave-Maria», à força de repetidos, tornam-no monótono. Isto faz-me lembrar o caso duma mulher que veio procurar-me uma tarde, depois da preleção

São Domingos, que morreu em 1221, recebeu de Nossa Senhora a ordem de pregar e popularizar a devoção em sufrágio das almas do purgatório, pela vitória sobre o mal e pela prosperidade da Santa Madre Igreja, e assim nos deu o rosário na sua forma atual. Já se tem objetado que há muitas repetições no rosário, e que o «Pai-Nosso» e a «Ave-Maria», à força de repetidos, tornam-no monótono. Isto faz-me lembrar o caso duma mulher que veio procurar-me uma tarde, depois da preleção.

Disse-me: «Eu jamais me tornarei católica. Vós dizeis e repetis sempre as mesmas palavras no rosário, e quem repete as mesmas palavras não é sincero. Eu nunca acreditarei em tal pessoa. Tampouco Deus acreditará nela».

Perguntei-lhe quem era o homem que a acompanhava.

Respondeu-me que era o seu noivo.

Perguntei-lhe ainda: «Ele gosta de si?»

«Oh! muito!»

«Mas como o sabe?»

«Disse-mo ele».

«Então como foi que lho disse?»

«Disse-me: eu amo-te»

«Quando lho disse?»

«Há de haver uma hora».

«Já lho tinha dito antes?»

«Já. Ainda ontem à noite».

«Que lhe disse ele?»

«Amo-te».

«Mas não lhe tinha já dito antes disso?»

«Diz-mo todas as noites».

Respondi-lhe: «Não acredite. Ele que repete, é porque não é sincero».

A grande verdade é que não há repetição em «Eu amo-te», porque há um novo momento no tempo, um outro ponto no espaço, as palavras não têm o mesmo significado que da primeira vez.

O amor nunca é monótono na uniformidade das suas expressões.

O espírito é infinitamente variável na sua linguagem, mas o coração não o é.

O coração do homem diante da mulher a quem ama, é demasiado pobre para traduzir a imensidade do seu afeto em palavras diferentes.

Eis porque o coração emprega uma expressão apenas: «Amo-te» e dizendo-a muitas vezes nunca a repete.

É a única novidade verdadeira do mundo.

É isto que nós fazemos quando rezamos o rosário.

Repetimos à SS.ma Trindade, ao Verbo Encarnado, à Santíssima Virgem: «Amo-te» , «Amo-te» , «Amo-te» .

Há uma beleza no rosário.

(*) Do livro “Nossa Senhora”, publicado pela Editora Paulinas em 1953 e atualmente fora de catálogo. Coletâneas de suas conferências feitas às sextas-feiras durante o programa Dumont na televisão americana, com audiência cativa de milhões de americanos.

Pe. Fulton J. Sheen – Retidado do site Sensus Fidei