JUBILEU SACERDOTAL DE MONS. HUONDER

No dia 25 de setembro de 2021, na festa de São Nicolau de Flüe, padroeiro da Suíça, Mons. Vitus Huonder celebrou seu jubileu sacerdotal na igreja do Priorado de Wil. Ele foi ordenado padre por Mons. Johannes Vonderach, então Bispo de Chur, em 25 de setembro de 1971, na igreja de Thalwil.

Fonte: DICI – Tradução: Dominus Est

A cerimônia decorreu na igreja dedicada à Santíssima Trindade, perante um grande número de fiéis, alguns dos quais puderam acompanhar a Missa em um telão ao ar livre, a fim de respeitar as condições sanitárias locais.

Cerca de quinze padres estiveram presentes acompanhando esse jubileu, com a participação do segundo assistente da FSSPX, Pe. Christian Bouchacourt e também do Pe. Franz Schmidberger.

O coro, regido pelo Pe. Leonhard Amselgruber, cantou a Primeira Missa Pontifical polifônica, de Lorenzo Perosi, composta em 1897, provavelmente para o futuro Papa São Pio X, enquanto ele ainda era Patriarca de Veneza.

A presença de dois guardas suíços – eméritos – que receberam permissão para se apresentarem uniformizados, foi bastante comentada.

Na recepção que se seguiu, foi lida uma mensagem do Superior Geral da FSSPX, Pe. Pagliarani, que recordou a corajosa escolha de Mons. Huonder ao decidir retirar-se para uma casa da Fraternidade, e o subsequente isolamento, bem como o encorajamento que este gesto tem sido para algumas almas desorientadas ou hesitantes.

Uma entrevista com Mons. Huonder

Um mês antes da celebração deste jubileu, Mons. Huonder havia dado uma entrevista, respondendo às perguntas do Pe. Lukas Weber. Esta entrevista está disponível no site do Distrito da Suíça.

Nesta entrevista, Mons. Huonder lembra que escolheu como lema episcopal o próprio lema do Papa São Pio X:“Omnia instaurare in Christo” – “Restaurar tudo em Cristo“.

Ele conta como se aproximou da Tradição e da FSSPX e o porquê de recolher-se para uma de suas casas (no caso, a escola de Wangs).

Ele afirma: “E agora estou aqui e devo dizer que estou muito feliz. Tenho todo um ambiente religioso que realmente me apoia, que me ajuda a viver intensamente a fé, mesmo como Bispo emérito.”

Ele acrescenta que essa escolha é para ele “uma responsabilidade muito importante, como Bispo católico, de testemunhar meu profundo apego à Tradição perante nossa Madre Igreja e perante a Fraternidade. É importante saber que atribuo grande importância a tudo isso.”

O prelado também elogiou o trabalho da Fraternidade: “Devo confessar que não realizam apenas aqui um maravilhoso trabalho pastoral, mas também em outros lugares. Ter uma escola católica desse tipo em uma diocese era meu sonho, na época. Mas não encontramos mais esse tipo de escola em nossas regiões. Estou falando, sobretudo, da Europa, Europa Central.”

(…)

Gostaria de parabenizar a Fraternidade por administrar tais escolas, e de forma mais geral, por ter sacerdotes tão próximos de seus fiéis. Nós precisamos desses pastores, os fiéis também esperam esses pastores, eles dependem deles.

“Recentemente visitei o Seminário de Zaitzkofen. Pude ver a formação que os sacerdotes recebem. Então eu disse ao diretor: aqui temos um modelo para a Igreja. Os líderes da Igreja fariam bem em retornar à formação que é dada aqui na Fraternidade.

(…)

De uma maneira ideal, nenhum padre é deixado sozinho, mas encontra-se em uma pequena comunidade que o apoia. Todos esses elementos são, de fato, modelos para a Igreja hoje, para mostrar como se renovar. Isto é o que eu gostaria de dizer sobre a Fraternidade.

Em relação à Missa, o Bispo emérito de Chur diz sobre o rito tradicional: “Estamos realmente diante de Deus, diante de Jesus e não apenas diante de uma comunidade. Tudo isso, eu pude redescobrir no rito tradicional. É tão precioso e, digamos, tão atemporal que eu não gostaria de retroceder.”

Eu não quero mais fazer isso [celebrar o novo rito]. Sinto que eu não poderia mais fazer isso, porque quando se mergulha na Missa tradicional, chega-se a um ponto em que se sente não poder fazer mais outra coisa.”

Eu sempre digo: o rito como o temos é também uma profissão de fé, e uma profissão de fé não pode simplesmente ser deixada de lado. O que diriam as pessoas se, como Bispo, eu proibisse o Credo dos Apóstolos de ser rezado? O que esses fiéis me diriam? Eles me diriam: “Qual é o vosso problema? Isto não é possível!”

Não podemos esquecer que o rito tradicional, sobretudo porque tem esse peso de séculos, essa maturidade, também é uma profissão de fé. Não podemos exigir que os fiéis coloquem de lado essa profissão de fé.”

Em relação à Traditionis custodes o Bispo emérito de Chur diz: “Podem imaginar que isso me afetou muito, me entristeceu, sim, eu chorei. Eu não esperava isso. Não consigo enxergar quais são as causas.”

(…)

Há muitas pessoas que são afetadas, não só padres mas também os fiéis que são afetados, crianças, jovens, famílias, porque tenho visto isso, na Tradição temos famílias numerosas.”

“Isso me deixa profundamente triste e peço, verdadeiramente, aos meus confrades no episcopado, especialmente os cardeais, que reconsiderem toda essa questão. (…) Este é o dever deles, porque não se trata simplesmente de uma lei eclesiástica, um decreto. É o coração da fé. O coração da fé. E atacar o coração da fé dos fiéis desta forma simplesmente não é bom.”

*********************

Caso semelhante ocorreu com D. Salvador Lazo. Leia aqui: DOM SALVADOR LAZO, BISPO EMÉRITO DE SÃO FERNANDO DA UNIÃO (FILIPINAS) – DA TRADIÇÃO CATÓLICA À TRADIÇÃO CATÓLICA