SERMÃO DAS CINZAS

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Que o Criador, e as criaturas todas estejam continuamente lembrando ao homem, que há de morrer; e que possa o homem esquecer-se deste desengano! Muito é para admirar, e muito mais para sentir. Se estendermos os olhos da consideração por tudo o que abraça a redondeza do Céu e da terra, acharemos que em todo o tempo, e em toda a parte nos tem Deus postos manifestos avisos, e sinais da nossa morte. Mas também acharemos, que em todo o tempo, e em toda a parte tem o homem posto os sinais do esquecimento da sua morte. Que outra cousa é o movimento dessas estrelas, o ocaso dos planetas, a roda dos tempos, o combate dos elementos, o curso e recurso das águas, a diferença das idades, a mudança dos impérios, a instabilidade dos costumes, e leis, e a perpétua inconstância de todo o século; que outra coisa é, digo, senão uma viva e repetida lembrança que Deus nos faz da morte? E que outra cousa é também a ambição da glória do mundo, a estimação de seus gostos vãos, tantas esperanças, tantos temores sem fundamento; que cousa é todo o reino, ou escravidão do pecado, senão claros sinais do esquecimento que o homem tem da morte?
Enfim, que Deus por sua boca diz: Caelum et terra transibunt1. E o pecador por suas obras responde: Non movebor à generatione in generationem2. Nos tempos de Noé naufragou o mundo em dous dilúvios: um de águas, e outro de pecado: Terra repleta est iniquitate. Multiplicate sunt aquae e omnia repleverunt in superficie terrae3. Avisou Deus primeiro que mostrasse sua ira, e desprezaram os homens sua misericórdia, com tal excesso que Deus, sendo a mesma imutabilidade, mostrou pesar de haver criado o homem; e o homem, sendo a mesma mudança, não mostrou pesar de haver ofendido a Deus. Edificava pois Noé a arca, público desengano daquela destruição geral; e edificavam juntamente os pecadores palácios, e casas de prazer pelo desenho de sua vaidade. Cada prevenção de Noé é um aviso, cada golpe um protesto, tudo são cautelas para escapar da morte, e os pecadores tudo prevenções para lograr-se da vida. Entraram todos os animais naquele estreito refúgio de sua conservação (caso estupendo) e não entrou ninguém em si para tomar o acordo de segui-los.

Justo foi o sentimento depois de tanta insensibilidade. Rasgam-se as cataratas do Céu, abrem-se as fontes do abismo, e soçobram às enchentes os mais altos montes – tudo perece. Pombinha solitária, que saistes a descobrir terra, que é o que vedes? Mudou de rosto a natureza, tudo está submergido debaixo de um mar sem praias. Oh quem dera também a nosso espírito asas de pomba! Voara sobre si mesma, e vira: vira bem como a morte entrando no mundo, foi outro dilúvio, que o alagou. Disse-o Esdras sabiamente: Factum est in unoquoque eorum, sicut Adae mori, sic his diluvium4. Vira que o Sol também morre; que as estrelas também caem; que os gostos passam, como as idades, e a idade como as flores. Vira como a sucessão das gerações não é mais que um desejo baldado de imortalidade, e um despojo certo da morte. Vira que toda a duração temporal vai edificada sobre as cinzas do que já foi, e debaixo das ruinas do que há de ser; e que a natureza defectível caminha pelos mesmos passos do ser ao perecer. Vira que as águas deste dilúvio prevaleceram sobre os mais levantados montes do poder, da sabedoria, e da santidade: Aquae praevaluerunt nimis5, não se livrando a comum sorte nem aquele escelso monte, donde foi cortada a pedra Cristo, MARIA Santíssima, com ter seus fundamentos sobre os montes santos; nem o mesmo Cristo monte de ambos os testamentos: Intraverunt aquae usque ad animam meam6, disse o Senhor falando de si mesmo, e noutra parte: Omnes fluctus tuos induxisti super me7. Mas também vira que o mesmo que vemos os homens parece que o não cremos, porque se a morte anda diante de nossos olhos, como é possível esquecer-se dela? Basta que tudo acaba; eu só o presumo de eterno! Basta que aquele geral estatuto, que o dedo de Deus escreveu até nas estrelas, é necessário que a Igreja o escreva no pó que somos. Memento homo, quia pulvis es? Esta é a minha admiração, e este deve ser nosso sentimento. E esta será também a matéria do presente Sermão: inquirir, e impugnar as causas que fazem tão esquecida a morte, sendo a morte tão lembrada. Memento homo quia pulvis es, et in pulverem revertéris.
 
§ II
 
Qual é (perguntava eu) a causa, que tão facilmente nos borra da memória uma lembrança tão repetida, e tão importante? Falando especulativamente, verdade é que todos nós conhecemos, que havemos de morrer, porque assim no-lo testemunham a Fé, a natureza, a razão e a experiência. Houve sim Ateistas, que negaram a Deus o ser, e à alma a imortalidade. Mas não houve quem negasse ao homem a morte. Quanto mais os que cremos, que Deus não fez a morte, e que a morte se atreveu ao mesmo Deus; porém falando praticamente, passa em nós o contrario totalmente. Tanquam semper victuri vivitis (se queixava Séneca) omnia tanquam mortalies tenetis; omnia tanquam immortales concupiscitis. Aquele pomo vedado a nossos primeiros pais considero eu que tinha escritas duas maneiras de letras bem encontradas entre si. Ao princípio tinha Deus escrito nele aquele desengano: Inquocumque die comederis ex eo, morte morieris8. Depois falsificou o inimigo escrevendo-lhe por cima estoutras: Nequamquam morte moriemini9. Viu que a lembrança da morte era o mais importante fundamento de nossa conservação; tratou de arruiná-lo: a serpente sugeriu, Eva ofereceu, a formosura da árvore convidou. Eis ali o diabo, o mundo, a concupiscência todos postos em campo para dissuadir ao homem, que não há de morrer: Nequamquam morte morienmini. Come o Adão, e ambas aquelas letras ficaram gravadas no coração de todos nós outros; o desengano de Deus ficou escrito como estímulo da consciência, o engano do inimigo ficou escrito como estímulo da carne. O desengano de Deus rubricou-se com seu próprio sangue, e assinou-se com a pena que tomou de Cruz. Morte morieris. O engano do inimigo, como era ferrete de nossa escravidão, imprimiu-se como o fogo da concupiscência: Nequamquam morte moriemini. O desengano de Deus não se apagou de todo, porque os brados da consciência, ainda que nem sempre se escutam, sempre se ouvem: Morte morieris. O engano do inimigo se não apagou estas letras, ao menos as escureceu e encobriu com razões de aparência falsa: Nequamquam morte moriemini. Ora vamos nós descobrindo-as com a luz da divina graça, e seja sempre nesta lamentável história da tentação de nossos primeiros pais, já que daí tirou a Igreja Santa as palavras com que hoje nos admoesta: Memento homo quia pulvis es, et in pulverem reverteris.
 
 
§ III
 
A primeira razão aparente, com que se nos escurece a lembrança da morte, é a formosura exterior dos bens do mundo. Vemos nele tanta e tão vária beleza, em que os sentidos se apascentem, que não acabamos de crer que haja perino no lograr-se. Vidit mulier, quod bonum esset lignum ad vescendum, et pulchrum oculis, aspectuque delectabile10: Viu Eva que aquela árvore era agradável à vista, que se seguiu? Tulis de fructu illus, et comedit. Oh argumento muitas vezes errado! E quem meteu aos olhos como ofício de julgarem a bondade das cousas? Da formosura, julguem emborapulchrum oculis. Mas da bondade? Bomum ad vescendum? Antes só para comer não era boa aquela árvore. E não era mais bela a flor da inocência? Não era mais doce o fruto do merecimento? Pois tendes incorrido na pena: morte morieris. E conheçam todos que os mesmos gostos da vida trazem consigo o mais claro desengano da morte.
 
Quando Moisés descendo do monte achou o povo idolatrando naquele ídolo, que tinham formado de todas suas riquezas, diz o Texto, que Moisés desfez o ídolo em cinzas, e lhas deu a beber. Combussit, et contrivit usque ad pulverem, quem sparsit in aquam, et dedot ex eo potum filiis Israel11. Quis Moisés, que para que o povo tomasse aborrecimento à idolatria, se fartasse das cinzas do seu mesmo ídolo. E que outra cousa é (pergunto eu agora) que outra cousa é a felicidade do mundo, senão um grande ídolo composto de riquezas, que ajuntamos para adorarmos nelas? Moisés quebrou as tábuas da lei, e desfez logo o ídolo. Foi zelo. Oh veja cada um quantas vezes, por não desfazer o ídolo, tem quebrado a lei de Deus! Pois ide agora mortais, ide e idolatrai na formosura desse ídolo; reduzido em cinzas vos dará brevemente o desengano. Será agradável no exterior: pulchrum oculis, mas não é bom para comido: bomum ad vescendum, salvo para alcançar a ciência do bem e do mal, porque assim como aquele ídolo desfeito em pó causou aborrecimento à mesma idolatria, assim todos os bens da terra, reduzidas com a consideração à mesma terra, perdem de sua estimação. Aquele mesmo ouro formado em ídolo era ocasião de adorações falsas; bebido em cinza foi a ocasião de desenganos verdadeiros. Aquela opulentíssima região onde Salomão mandava suas armadas carregar de ouro, chamou-se Ofir, que ao hebraico vale o mesmo que Cinis, Cinza. Dois documentos achamos aqui, ambos preciosos. O primeiro, que todos os bens e grandezas não valem mais que cinzas, porque em cinza hão de acabar. O segundo, que a cinza de nossa mortalidade, cavada com a consideração, é uma mina preciosíssima de riquezas espirituais. Ditoso aquele que sabe reduzir o ouro de sua grandeza às cinzas de um sepulcro: porque das cinzas de um sepulcro vai lavando o ouro da coroa de sua imortalidade. Bem é que já que a felicidade do mundo é falsa, o escarmento seja verdadeiro; bem é que quanto mais depressa passam seus bens, tanto durem mais nosso desenganos.
 
Escreveu Jacó na sepultura da sua Raquel defunta um epitáfio, que dizia: Hic est titulus momumenti Rachel usque ad praesentem diem12. Este é o letreiro da sepultura de Raquel até o presente dia. Parece supérflua esta última palavra, mas não tem senão uma energia bem grande. Notai. A sepultura é para Raquel; o título é para nós outros. É verdade que aquela gentileza já passou. Mortua est ergo Rachel. Mas o aviso da sua morte ainda está presente: usque ad praesentem diem. A campa daquela sepultura debaixo de si não tem mais, que as frias cinzas de um cadáver; porém sobre si sustenta um claro aviso de nossa mortalidade, que isso quer dizer monumentum. Enfim, que quando os olhos de Raquel se cerraram para a luz da vida, abriram-se os nossos para a luz do desengano, e desengano que dura até o presente dia: usque in praesentem diem.
 
 
§ IV
 
Ainda digo mais. Se bem o considerarmos, mais vivo despertador da morte temos nas felicidades do mundo do que nos trabalhos e calamidades. Vede-o na comparação de duas árvores de gerações, que descreveram dois Apóstolos sagrados. Santiago descreveu a geração da concupiscência, e disse assim: Unusquisque tentatur comcupiscentid sua: deinde concupiscentia cum conceperit, parit peccatum: peccatum vero cum consummatum fuerit, generat mortem13. Como se dissera: a formosura exterior dos bens do mundo excita o nosso apetite, se concebeu, produz pecado: o pecado, se saiu à luz, gera morte. Vejamos a outra árvore. S. Paulo descreveu a geração dos trabalhos e tribulações, e disse assim: Tribulatio patientiam operatur, patientia autem probationem, probatio vero spem, spes autem non confundit14. A tribulação é mais da paciência; a paciência da aprovação, a aprovação da esperança; e a esperança nunca perece, sempre vive. Temos logo, se bem o advertistes, que os gostos do mundo claramente nos avisam da morte; e que dos trabalhos antes nos podemos prometer vida. Aquela árvore das tribulações, que agora não produz senão espinhos para nos magoar, bem podeis esperar dela frutos de vida; e aqueloutra, que está coalhada de flor brevemente há de murchar-se. De espinhos se coroou nosso Redentor JESU Cristo; e então teve sobre a cabeça o título de Nazareno, que é o mesmo que florido. De flores se coroavam aqueles ímpios de que fala a sabedoria: Coronemus nos rosis15, e logo se temeram que murchassem: antequam marcescant. A vida de Sansão parecia perigar quando se encontrou com o leão. Despedaçou-o, e no seu cadáver achou depois um favo de mel. Outro favo de mel foi Jónatas provar com a ponta da lança, e encontrou com o perigo de vida. Assim passa, que maior risco temos entre as delícias que entre as tribulações. Ah doçura perigosa dos gostos do mundo! Se quem vos leva à ponta da lança não mais que para provar, se arrisca tanto, como não veem o risco da morte aqueles que sem nenhum trabalho os gozam à boca cheia?
 
E donde nasce (perguntareis vós) que o uso das cousas temporais é tão arriscado? Donde nasce que vizinha tão de perto com a morte? Se tem veneno para que se nos deu aquela geral licença: Ex omni lingno paradisi comede16
? Ora dai-ma vós a mi para contar-vos uma história profana: servirá de resposta, e a resposta de razão de tudo o que temos dito. Conta Eneas Silvio (que depois foi Papa Pio Segundo), que a Ladislau Rei da Boémia, na véspera de seu desposório, estando tudo preparado, lhe deu sua própria esposa uma maçã partida com faca ervada só por uma banda, para que comendo ela a outra metade não houvesse suspeita de traição. Comeu o Rei a sua parte, porém para nunca mais comer. Obrou aquele enganoso ferro, como se lhe disseram: Divide eos in vita eorum. Atenção, Senhores, que os bens do mundo têm a qualidade deste ferro, e deste pomo; é verdade que tomados por uma parte são lícitos, são suaves; mas tomados pela outra são mortíferos. Pois eis aí a razão, porque são arriscados: porque quem há de fiar-se, que acerta com a metade sã? A outra, que ficou ervada como o apetite do primeiro pomo vedado; isto é com o mau uso do nosso alvedrio: essa em vez de servir de alimento à vida, serve de acenar à morte. E quando queirais negar, que há muitos gostos do mundo, que totalmente são veneno, e este já conhecido, ao menos não negareis que todos eles são pó, e são cinza: Omnia, quae de terra sunt, in terram convertentur17, Se vos não matam a vós, eles per si morrem. Logo mal se desculpa com os bens do mundo o nosso esquecimento da morte, se sempre são lembrança da mesma morte, de tal modo que aquele mesmo desengano, que Deus dá ao homem, pode o homem dar ao mundo. Pulvis es, et in pulverem reverteris.
 
 
§ V
 
Já que os homens tenham entendido que a morte nos mesmos bens da vida os espera, e os avisa certamente, tratam ao menos de desviá-la de si mais ao longe. Este é outro pior esquecimento, que em nós causa o esquecimento da morte: a falsa imaginação de que a morte está longe de nós. Não sei que género de cegueira é este, que o objeto que mais perto de si tem, o põem em tão distante perspectiva. Notai os longes que o Tentador nos prometeu de vida: Eritis sicut Dii18, e notai o desvio com que Eva lhe respondeu: Ne forte moriamur19. A pena da morte estava de Deus irrevogavelmente estabelecida para se incorrer ipso facto no ponto em que comesse; e com tudo fala nela muito ao futuro, debaixo das incertezas de um acaso: Ne forte moriamur. Lá disse Isaias, que os pecadores de jactaram de haverem feito concerto com a morte, e com o inferno: Percussimus foedus cum morte, et cum inferno fecimus pactu. Perguntara eu, e como há a morte de guardar o concerto aos homens, se o homem o não guardou a Deus para fugir da morte? Se os pecadores não quiseram o Céu sendo mercê; como há o inferno de demitir aos pecadores, sendo eles dívida sua?
 
Oh não cuidem os filhos de Adão que, desde que ele pecou tão de propósito, morre alguém acaso. Não são acasos as mortes inesperadas; não é eternidade a incerteza de um momento; não são futuros a dívida presente. Esta dívida começamos a pagar no mesmo instante que começamos a respirar. Disto se queixava o Santo Rei Ezequias: Dum ad huc ordirer, succidit me20. Não está longe de nós a morte, pois conosco mora dentro das mesmas portas. O movimento dos Céus por onde se medem nossos dias, ainda que pareça vagarosíssimo, não deixa de ser arrebatado. No relógio de nossa vida não cuideis que o Sol há de tornar atrás, nem dez linhas, nem um só ponto. Se um ponto de vida vós prometeis, vossa promessa o fez mais incerto, e suspeitoso. Bem como a carta de Urias, quando entendais, que leva a recomendação de vossa pessoa, não leva senão o decreto de vossa morte. Se é possível, que a morte tarde, ou fuja, foge só daqueles, que a buscam com a meditação e mortificação; anda mais perto dos outros, que a trazem longe de sua lembrança.
 
Anima (disse aquele rico do Evangelho) habes multa bona posita in annos plurimos: requiesce, comede, bibe, epulare21. Viste como tem a morte longe da vista? Vede como a tem perto da casa: Stulte hac nocte animam tuam repetunt. Bem notado de estultícia, porque as contas que ele fazia tem mais erros do que palavras. Apostilemos o lugar, pois é de Cristo Senhor Nosso para provar o intento ao pé da letra. Anima (diz o rico): quando viu a fertilidade dos campos, fala consigo dando-se os parabéns, devendo falar com Deus dando-lhe graças. Habes: deu à alma, que é espírito, posse de bens temporais, sendo as riquezas do espírito as virtudes, e os dons de Deus, e não as sementeiras dos campos. Multa: entendeu que os bens da fortuna podiam nunca ser muitos em chegando a ser possuidos, e muito menos para a alma, cuja capacidade só Deus enche. Bona: chamou absolutamente bens àquilo de que os homens usam para se depravarem em todos os males. Posita: Cuidou somente de guardá-los como permanecentes, sendo que os bens caducos, o modo de os conservar é dispendê-los. In annos: não estendeu sua consideração à eternidade, senão aos anos de sua vida. Plurimos: e prometeu-se que seriam muitos, porque as riquezas também eram muitas, dependendo uma e outra coisa da vontade de Deus. Requiesce: Convida-se ao descanso, quando os prudentes se estimulam para o trabalho. Mas finalmente todos estes erros se podiam esperar de uma alma tão material que come, e bebe: Comede, bibe, epulare.
 
Pelo contrário o sustento do Espírito deve ser a consideração da morte: o seu pão há de ser cinza, e a sua bebida lágrimas. Assim o ensinou e praticou consigo Davi, quando disse: Cinerem tanquam panem manducabam, et potum meum cum fletu miscebam22. Ajuntou o real Prpfeta mui conformemente os dois sustentos da alma e do corpo, porque a virtude do jejum e da temperança há de usar do pão como de cinza, e da bebida como de lágrimas; a virtude da oração há de usar da cinza como de pão; a virtude do arrependimento há de usar das lágrimas como de bebida. E disto acrescentou logo Davi ser a causa: porque considerava na brevidade de seus dias: dies mei sicut umbra declinaverunt23, mas perguntara eu: se os dias da vida são sombra, que será a mesma morte? Será a escuridade da noite – esta é a sua mais própria alegoria. Consideremos pois que entre a nossa vida e a nossa morte não há maior diferença que entre a sombra e a noite. A noite nenhuma luz admite, a sombra de tal modo é escuridade que parte também com a luz; assim partem os nossos dias a luz da vida com a noite da morte, e ficam escuridade de sombra. Porém a sombra, se a seguires, foge; e quando a fugis, vos segue. Por isso a Davi, que a seguia com a consideração, ainda se lhe concediam os dias da vida como sombra: Dies mei sicut umbra. Por isso ao rico, que fugia da morte, lhe sobreveio de repente a morte como noite. Hac nocte animam tuam repetunt.
 
 
§ VI
 
Oh quantos estão sepultados na noite da morte, e da eternidade, porque não consideram seus dias como sombra, que passava, senão como luzimento, que havia de permanecer! Quereis que permaneça? Aprendei mortais uma arte de dilatar melhor a vida. Assim como toda a redondeza do universo se funda sobre um só ponto imóvel, que é o centro dele, assim também no mundo invisível, toda a circunferência dos séculos pende de um só momento que é o da morte: Statutum est hominibus semel mori24. E todas as linhas de nossos desenhos nele acabam igualmente. Como este ponto está unido outro, que é a eternidade, a qual é uma possessão de todos os séculos junta, e abreviada individualmente: bem como o centro equivale a todo o círculo. E assim como nas mãos da morte vão caindo todas as durações do tempo, assim a morte as vai entregando nas mãos da eternidade, porque no ponto da morte todas as diferenças de tempo se acabam, e no ponto da eternidade todas se conservam.
  
Aprendei pois (torno a dizer) uma arte de dilatar a vida, uma arte de parar essa roda arrebatada de vossos dias. Ensinou-a o Espírito Santo por boca dos Profetas, e dos Apóstolos. Diz o Profeta Davi que os ímpios, os esquecidos de si e da sua morte, andam à roda: In circuitu impii ambulant25.Por isso sua vida é tão breve, e desassossegada. Diz o Apóstolo S. Paulo, que estejamos fixos, imóveis, e bem fundados na esperança do Evangelho. Si tamen permanetis in fide fundati, et stabiles, et immobiles a spe Evangelii26. A esperança do Evangelho, bem sabeis que é a imortalidade com Deus por meio da morte em Cristo Nosso Senhor; assim como a esperança da Lei era a terra prometida por meio da peregrinação do deserto com Moisés. O mesmo Apóstolo aos Romanos: Si autem mortui sumus cim Christo, credimus, quia semel etiam vivemus cum Christo27. Pois estai (diz o Santo) estai imóveis nessa consideração, e nessa esperança. Os esquecidos dela andem à roda com o tempo. In circuitu impii ambulant. Vós outros ponde-vos no centro imóvel de vossa morte, e de vossa imortalidade, porque só aquele que considera que há de ter fim, e que não há de ter fim, sabe ganhar todos os tempos. Cristãmente disse o Estóico: Ideo peccamus, quia de partibus vitae omnes deliberamus: de tota memo deliberat. Sabeis por que vivemos mal? Porque vivemos por partes, um dia passa atrás de outro dia, um ano atrás do outro. Não é isto a roda? Deliberai-vos a viver no centro, e possuireis a vida toda junta: para o merecimento toda junta no ponto da morte; para o prémio toda junta no ponto da eternidade.
 
E eis aqui a razão porque eu dizia que não devíamos imaginar a morte ao longe, e ao futuro, quando é certo que pela sujeição a temos presente. A razão é porque assim o ponto da morte, como o ponto da eternidade, tem virtude de reduzir e igualar todas as diferenças de tempo, de tal modo que cada um de nós é aquilo mesmo que foi e que há de ser. Diz o Evangelista S. João que viu ao Cordeiro de Deus estar diante do trono de sua glória, morto desde a origem do mundo: Vidi: et ecce in medio throni… agnum stantem tanquam occisum28; (e noutra parte): Qui occisus est ab origine mundi29. Já estais na dúvida. Se o Filho de Deus padeceu sendo já passados desde a origem do mundo perto de quatro mil anos, como o viram os olhos da Águia morto desde a origem do mundo? Viram-no por razão de uma certa luz, e de uma certa sombra. A luz era a da eternidade porque o Cordeiro estava no trono de seu eterno Pai. A sombra era a da morte, porque o Cordeiro se tinha sujeitado à morte, a qual entrou no mundo com a origem do mesmo mundo. E assim como aquela luz fez que o decreto fosse ab eterno na mente divina, assim aquela sombra fez que a morte fosse desde a origem do mundo na sujeição do Cordeiro. Vem logo ser o mesmo a dívida da morte, que atualmente a mesma morte. E daqui nasce que como a nossa morte não há de ser totalmente vencida senão no fim do mundo, quando se cumprir aquilo que São Paulo alega de Oseias: Absorpta est mors in victoria30; por isso o Cordeiro quis também continuar a sai morte até o fim do mundo. Isto é o que fez o mistério do Santíssimo Sacramento, onde se deixou até a consumação do século debaixo da representação de morto: Agnum stantem tanquam occisu. Oh Cordeiro imaculado! E como foi perfeita vossa sujeição, pois fizestes vossa morte tão antecipada, e tão dilatada juntamente! Antecipada desde a origem do mundo; dilatada até o fim do mundo; antecipada diante do trono de vosso eterno Pai; dilatada sobre os altares de vossa Igreja Santa; antecipada, porque nesse trono éreis já o que havíeis de ser, e o que fostes na Cruz; dilatada, porque na Cruz fostes o que fostes, e haveis de ser no altar, sempre morto, porque sempre por amor de nós sujeito à morte. E se isto passa no Filho de Deus, bem podemos os filhos de Adão crer, que a morte nos está presente desde o princípio de nossa vida, pois nos é devida desde o princípio do mundo. Então nas mãos de Deus fomos pó; agora sobre a face da terra somos pó; debaixo de uma sepultura em breve seremos pó. É enfim o homem o mesmo que é, porque é o que foi, e o que há de ser. Pulvis es, et in pulverem reverteris.
 
 
§ VII
 
Outra razão, ou sem-razão, com que o nosso esquecimento da morte se desculpa, são as obrigações do estado de cada qual, porque nos parece que alguns estados há em que nem é conveniente, nem possível andar com tão grande desengano na lembrança. Esta parece também que foi a desculpa de Adão, quando Deus lhe devassou o delito: Mulier, quam dedisti mihi sociam, dedit mihi de ligno, et comedi31. Senhor (respondeu ele) a mulher, que vós mesmo me destes, foi ocasião de esquecer-me de vosso mandamento. E bem! É possível que, para não obedecer a Deus, até do mesmo Deus nos escandalizamos! Não bastará lançar a culpa de nossos erros à serpente: Serpens decepit me32, senão que também a repartamos com Deus? Quam dedisti mihi sociam? Diz o soldado, diz o tratante, diz o cortesão, diz o titular: Padre, o estado que Deus me deu não permite essas considerações de anacoreta, fiquem embora para as religiões e para os ermos; a nós é preceito cuidar das obrigações do estado e da honra. Erras coração humano, erras; nem por essa escusa deixarás de ser contado com os mais que obram perversamente: Declinantes autem in obligationes adducet Dominus cum oerantibus iniquitatem33. Responda-me. A salvação é para todos? A Lei de Deus obriga a todos? A graça, com que nos ajuda a cumpri-la, é para todos? Os perigos, e os inimigos da alma cercam a todos? Sim por certo, pois o entregar-se à virtude, o concertar a vida, e o prever a morte por que não há de ser para todos? Ora fazei comigo uma digressão breve. 
 
Determinou Deus dar a Lei ao povo de Israel; e vejo com majestade sobre os mais altos montes, do Seir ao Faran, do Faran ao Sinai; rasgaram-se as nuvens, arderam as montanhas, soou um clarim tão fortemente que não podiam sofre-los os ouvidos. Quis o Filho de Deus ser exaltado na Cruz para redenção nossa: escolheu o lugar em Jerusalém, o tempo o mais célebre, que era o da Páscoa, e o título de sua Cruz se escreveu em três línguas as mais célebres do mundo. Mandou depois o Espírito Santo a repartir os dons de sua graça, e desceu com ruido de um espírito veemente ao crescer do dia, em línguas de fogo, estando todos os fieis juntos no Cenáculo. Pedro Príncipe  dos Apóstolos receava admitir as gentes à perfeição do Evangelho sem passarem pela Circuncisão; e viu baixar do Céu aquela misteriosa mesa, onde estavam todos os animais, aves, e serpentes, e lhe mandaram que comesse de tudo. Notai agora a generalidade e publicidade com que Deus abraça a todos igualmente. De sorte que (deixando outros muitos exemplos) a salvação ganhada naquela Cruz, que se arvorou no Calvário; a lei, que se promulgou no Sinai; a graça, que se derramou no Cenáculo; a vocação para a mesa de Deus, que significou a Pedro – tudo compreende a todos. Mas o disporem-se os homens para alcançarem essa salvação, para aproveitar essa Cruz, para cumprirem essa Lei, para co-operar com a graça, para seguir a vocação, isto não é para todos? Pois com nenhuma destas obrigações cumpre quem por amor de suas obrigações deixa de aparelhar-se para a morte. Que cousa mais universal que a morte? Pois tem Deus quebrantado os foros da natureza só por não dispensar com a lei da morte. Justo é logo que a sorte, que a todos nós espera por decreto, todos a esperemos a ela pela consideração.
 
Entra o Profeta Jonas pelo meio da grande Nínive lançando aquele pregão da ira de Deus justo: Adhuc quadraginta dies, et Ninive subvervetur34. Mais quarenta dias de prazo, e Nínive se subverte. Breve foi o sermão, mas eficaz; ainda mais do que queria o pregador. Toda a corte desde o maior ao menor se acolheu ao sagrado da penitência. O mesmo Rei deixou o trono, e as vestiduras reais, e se cobriu de cinza. Mas o em que eu reparo é que a demonstração do arrependimento compreendesse até aos gados, e aos animais. Homines, et jumenta, et boves, et pecora non gustent quidquam. Operiantur saccis homines, et jumenta, et clament ad Dominum35. Caso estranho! Os brutos em hábito de penitência, jejuando e bradando a Deus. Seroa para confessarem os Ninivitas que se pareceram nos apetites com quem agora se pareciam no arrependimento? Ora não vos admireis; vede que é o que Deus ameaçava: Ninine subvertetur. O decreto é geral: compreende homens, e animais, e as mesmas pedras dos edifícios. Pois se a ameaça da morte é para todos; o temor da morte por que não há de mostrar-se em todos? Esta foi a razão porque os que iam embarcados com o mesmo Jonas estranharam, que adormecesse ao som da tempestade: Quid tu sopore deprimeris36. Porque quando o perigo é comum devem andar todos alerta. Oh acabai de entender que não há homem tão bruto que não saiba bradar a Deus; não há Rei tão levantado que não possa descer-se do trono, para assentar-se sobre a cinza, que há de ser. Bem podem os grandes ser temidos, e ser tementes. A todos pede Deus, e a todos aceita a penitência desde o menos até o maior. Honra, a honra de Deus; estado, o estado de sua graça; obrigações, a primeira obrigação é a de criatura, a de homem, e a de cristão. Por qual destas vos escusais de obrar, como quem há de morrer? Se sois cristão, o final de cristão vos põe sobre os olhos a memória da morte. Se sois homem, a parte racional vos dirá que a outra parte é terra; se sois criatura, temei a Deus, e não acuseis ao Criador: Mulier, quam dedisti mihi sociam.
 
 
§ VIII
 
Bem sei eu, que nos palácios, e nas praças não há bom sítio para se edificarem as Tebaidas, as Camaldulas, e as Cartuxas. Bem ouvi dizer que a soledade era a metrópole do Espírito Santo; que o silêncio era o Pitágoras da interior escola. Mas também sei que em todo o estado tem Deus posto exemplares de admirável santidade, para que se entenda que de qualquer parte da terra pode o Céu ser livremente visto e suspirado. Vede vós bem não seja o vosso estado aquele que vós tomastes, e não o que Deus vos deu; que se a mão de Deus vos pôs nele, a mesma mão de Deus vos tirará a salvo. Levou um Anjo a Ezequiel em espírito por meio de grande enchente de águas; tendo andado mil passos, dava-lha a água pelo artelho; mediu outros mil, e dava-lhe pelos giolhos; entrou mais outros mil, e já chegava às costas; repetiu o mesmo, e já não pode passar Ezequiel. Aqui o tirou o Anjo e o pôs salvo na ribeira. Fieis, muito mais fiel é Deus: neste mal do mundo a uns faz entrar mais, a outros menos; mas a donde não possais passar, onde vos afogueis, daí logo vos tirará em paz, e salvo.
 
Mas oh quantos cuidados há, quantas perturbações da consciência, em que Deus nos não meteu, senão que nós outros por nossas mãos as granjeamos! Admoestou Cristo Senhor Nosso a Marta solícita de sua hospedagem, com aquela repetida voz: Martha Martha solicita es, et turbaris erga plurima; porro unum est necessarium37. Quanto desvelo, quanta perturbação, sendo uma só cousa necessária? A cada um de nós outros pode a consciência própria dar semelhante repreensão em cousa menos honesta. Tu ambicioso que não estudas, senão como seja adorado de tua honra; tu vanglorioso, tu iracundo, que viveis um do ar como camaleão, outro do fogo, como salamandra; tu avarento cego para ver o rosto à caridade, Argos para possuir o mesmo que não possuis: turbaris erga plurima; para que são tantos cuidados, se uma só cousa é necessária. Um edifica, como se a vida fora eterna; outro navega, como se o mundo fora estreito; aquele litiga, como se a fazenda fora salvação; este, que sou eu, brada, e repreende, como se o mundo não houvera de acabar assim: turbaris erga plurima. Quanta perturbação sendo uma só coisa necessária. Pontos de honra, leis de foro, razões de estado, invenções da fantasia, lisonjas do apetite: turbaris erga plurima; porro unum est necessarium. E que cousa é esta tão necessária? Salvação, Boa Morte, que é o mesmo. A morte é aquela única e fatal necessidade que convence de uma vez a todos os cuidados do mundo por desnecessários. Vede como os aprovará Deus por bons, se se não pagou dos de Marta, que eram tão santos. A morte em efeito é aquela que ajunta a nossa alma com Deus, que é a sua melhor parte, para dele não ser nunca separada, que non auferetur ab ea. A morte na consideração é aquele fundamento da vida cristã, que todos os inimigos da alma procuram arruinar: a concupiscência cativando-se da formosura das coisas: pulchrum occulis, et aspectu delectabile. O demónio representando vida larga: eritis sicut Dii. O mundo embaraçando com a multidão de seus cuidados: mulier, quam dedisti mihi sociam. Por isso dizia ao princípio que a serpente sugeriu, Eva afereceu, a formosura do pomo convidou: todos para persuadirem ao homem aquele esquecimento: Nequamquam morte moriemini. Mas a Igreja Santa contra quem não prevalecem as portas do inferno, tomando a voa da boca de Deus, nos diz hoje com piedosa recordação: Memento homo, quia pulvis es, et in pulçverem reverteris.
 
 
§ IX
 
Desenganados totalmente os homens, e vendo que por toda a parte prevalecem as águas deste universal dilúvio: Aquae praevaluerunt nimis, que remédio esperaremos, se não acolhermos à arca; não para salvar da morte temporal (que esta foi no mundo mais geral inundação que a do dilúvio), mas para escapar da morte eterna. Acolher, digo, à arca, que é o lenho santíssimo da Cruz de Cristo, na qual se obrou nossa regeneração e redenção. Duas tábuas formam esta Cruz, nas quais podemos salvar-nos do naufrágio, que são os Sacramentos do Batismo e da Penitência. Oh lástima! Não vedes quantos milhares de milhares se vão ao fundo? Não ouvis a confusão de vozes, e de gemidos? Estes não alcançaram a pegar da primeira tábua do Batismo: pereceram. Nos outros pecadores, a quem as ondas sacudiram dela é necessário pegarmos fortissimamente da segunda, que é a penitência. Penitência, que os mares crescem; penitência, que o perigo está presente: morte morieris; e quem sabe se a muitas almas, das que me estão ouvindo, espera Deus ainda o prazo destes quarenta dias para se não subverterem: Adhuc quadraginta dies. Nesta tábua pois devemos formar espiritualmente uma como embarcação, em que possamos contrastar a braveza das ondas. Para chegarmos  a salvamento deve o entendimento, que é a agulha de buscar direito o norte da fé, deve a caridade estar sempre ao leme; devem encher o pano os alentos da esperança. No lugar do esporão os peitos da fortaleza; no farol a luz da prudência; seja lastro o temor santo todas as tribulações, e cruzes são árvores; as insígnias não podem ser outras que as quinas, ou chagas de Cristo; o mantimento já sabeis que há de ser lágrimas e cinza. Ditoso aquele que prender enfim o porto, que é o reino, que dentro de si mesmo leva: Regnum Dei intra vos est38. Caminhando sempre à vista da terra do conhecimento próprio: Pulvis es, et in pulverem reverteris.
 
E vós progenitores nossos, por quem o dilúvio da morte entrou no mundo, perdoai tão repetidas queixas de vossos filhos, e filhos que não choraram como vós seus pecados com lágrimas de novecentos anos. Perdoai, que já vejo aparecer aquela branca pomba, por quem veio a ser vossa culpa venturosa. Puríssima MARIA Senhora Nossa, vós sois a que trazeis o ramo de oliveira, e nele os sinais de misericórdia, e as esperanças de nossa ressurreição, por virtude daquela Humanidade Santa, que nasceu de vosso ventre, e renasceu do sepulcro, sem ofender a inteireza de um e de outro. Alcançai-nos de vosso filho perfeito amor de sua bondade, perfeita dor de nossas culpas. Se a verdadeira caridade é ouro, o verdadeiro arrependimento é cinza; se a divina ira é fogo, não terá o fogo que destruir nem na cinza, nem no ouro, porque só estas duas cousas podem resistir à sua violência. Senhor, que encravado nessa árvore sagrada, não duvidastes em pagar a pena que nós em outra árvore merecemos; pedimo-vos que por aquela piedade que vos fez obediente até a morte de Cruz, nos livreis da morte eterna.
 
 

BERNARDES, Pe. Manuel, Obras Completas do Padre Manuel Bernardes, Vol. XII – Sermões e Práticas, Reprodução fac-similada da edição de 1733;

São Paulo, 1947.

1. Mt 24, 35.

2. Sl 70, 6.

3. Gn 6, 8; ibid. 7, 17-18.

4. Es 49, 8.

5. Gn 7, 19.

6. Sl 68, 2.

7. Sl 87, 8.

8. Gn 2, 7.

9. Ibid., 2.

10. Gn 2, 6.

11. Ex 12, 29.

12. Gn 33, 20.

13. Tg 1, 14-15.

14. Rm 5, 3 e ssg.

15. Sp 2, 3.

16. Gn 2, 16.

17. Ecle 40, 11.

18. Gn 3, 5.

19. Ibid.

20. Is 38, 12.

21. Lc 12, 19-20.

22. Sl 101.

23. Ibid., 101, 12.

24. Hb 9, 27.

25. Sl 82, 9.

26. Cl 1, 23.

27. Rm 5, 8.

28. Ap 5, 6.

29. Ibid., 18, 2.

30. 2 Cor 15, 54.

31. Gn 2, 12

32. Ibid., 2, 13.

33. Sl 124, 50.

34. Jo 3, 4.

35. Ibid., 3, 7-8.

36. Ibid., 1, 6.

37. Lc 10, 41-42.

38. Lc 17, 21.