O FILHO ÚNICO E A FAMÍLIA NUMEROSA

Os esposos que reduzem o número de filhos, sob pretexto de melhor pertencerem-se um ao outro, pretexto e restrição baseados no egoísmo, cria um ambiente familiar susceptível de prejudicar, grandemente, o desabrochar das qualidades morais infantis.

Não se pode comparar a influência espiritual, da casa do filho único, com a do que vive no meio de numerosos irmãos. As condições necessárias, à formação do caráter, são desfavoráveis quando o educando é sozinho a aproveitar os benefícios da vida do lar. Facilmente, ele é levado a crer que tudo lhe é devido, pois, sempre recebe, sem jamais partilhar. Torna-se, exageradamente, mimado por seus pais, que não repartem com outros seus cuidados e suas ternuras.

É da mais alta importância que o ambiente onde evolui a criança, permita a eclosão das boas e das más inclinações, a fim de que, conhecidas desde os primeiros anos, elas possam ser, facilmente, orientadas ou reprimidas. Numa família onde os filhos são numerosos, os caracteres manifestam, desde cedo, suas secretas tendências e cada um acha-se na obrigação de adaptar-se, corrigindo ou dominando seus defeitos. Se não o faz de moto próprio, as reações dos irmãos infligem-se, por bem ou por mal, lições salutares. Continuar lendo

O DEVOTAMENTO AOS FILHOS, CONSOLIDAÇÃO DA HARMONIA CONJUGAL

Familia-numerosaPara viver em perfeita harmonia, os esposos devem partilhar os múltiplos cuidados relativos à saúde dos filhos, à formação de seu caráter, à sua educação moral e religiosa e a seu futuro social. Estes cuidados aumentam com o número dos filhos. Mas, muito longe de constituir um obstáculo para a intimidade conjugal, eles contribuem para consolidar e estreitar a união dos corações numa mesma vontade de dedicação.

Os filhos se tornam, assim, uma ocasião de alegria para os pais, e tanto mais profunda quanto mais os pais tiverem consciência de ter cooperado juntamente para a sua formação moral. Que alegrias podem ser comparadas às alegrias dos pais que assistem ao desenvolvimento de suas faculdades? Chegados à idade madura como não haveriam de amar-se mais ainda ao recordar os esforços e devotamentos comuns que tiveram como resultado a formação da personalidade da qual legitimamente se orgulham?

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O número dos filhos, uma vez que estes sejam bem-educados, longe de ser uma ocasião de empobrecimento da sociedade familiar, quase sempre é a fonte de uma grande prosperidade. Se a família numerosa conhece anos difíceis enquanto os filhos forem demasiadamente jovens para o trabalho, ela entra numa fase de grande atividade produtora quando os filhos começam a revelar o valor de suas energias de trabalho acumuladas no decurso da infância laboriosa.

É um fato que o gosto pelo trabalho, o sentimento da dedicação e da atividade, a aptidão em se adaptar às dificuldades da vida geralmente são muito mais desenvolvidas no filho de uma família numerosa do que no filho único. Preparar o filho para as lutas da vida é fazê-lo partilhar dos cuidados e das dificuldades de uma família numerosa. Até mesmo as privações servem para modelar as vontades e os caracteres. Continuar lendo

DOUTRINAS ANTICONCEPCIONAIS – STOP

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Aqueles que julgam que o instinto materno é bastante forte para resistir as propagandas neomaltusianas e que a mulher não perderá nunca o prazer de se tornar mãe, iludem-se fortemente sobre o poder desse instinto. O que é verdade para o animal, o qual se entrega às exigências da natureza, não o é para o homem, que vive à procura de meios para escapagar às exigências da vida quando elas lhe parecem penosas de suportar. A natureza humana se deixa facilmente corromper por doutrinas que a convidam ao prazer e a se esforçar menos.

Quanto mais se expandirem as doutrinas anticoncepcionais, menor será o número de mulheres bastante corajosas que aceitarão os deveres da maternidade e os sacrifícios consequentes desses deveresNão se pode servir a dois senhores, disse Jesus; a mulher não pode, de maneira alguma, render-se ao mesmo tempo à vontade de gozar a vida e ao desejo de ser mãe. De resto, os fatos aí estão: quantas mulheres existem, nessa sociedade moderna saturada de doutrinas neomaltusianas, que vivem à espreita, não do momento oportuno para se entregarem à maternidade, mas justamente acata de métodos que a impeçam de ser mãe, somente por egoísmo e por medo dos sofrimentos?
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CONVÉM FALAR?

otimSe a formação da inteligência do adolescente exige sérios estudos e o hábito da reflexão, a do coração e da vontade impõe a concepção de um ideal moral, que ajudará o jovem a expulsar de seu pensamento tudo aquilo que poderia deturpá-lo.

É evidente que se a pureza requer educação específica, esta só produzirá efeitos se for precedida de uma formação de consciência.

Ensinar a criança a amar o bem sob todas as suas formas, a detestar o mal mesmo quando se apresente sob aspectos agradáveis, a agir de modo que todas as suas disposições morais resumam-se no temor de desagradar a Deus e na vontade de agradá-lo, tais devem ser as preocupações constantes do educador.

É lógico que a consciência da criança discernirá tanto mais facilmente o mal no terreno da pureza, quanto maior for a sua formação nos outros setores. Mas daí não se deve concluir que seja suficiente uma formação geral, e, por conseguinte, desnecessário prevenir a criança contra os perigos que, um dia, poderão ameaçar a sua pureza.

Ao contrário, julgamos que o maior dano que se possa fazer à juventude é recusar-lhe as explicações que devem guiá-la e esclarecê-la, quando surgem as primeiras curiosidades do espírito e os sintomas da puberdade. Continuar lendo

CONSEQUÊNCIAS MORAIS DA FORMAÇÃO DA INTELIGÊNCIA

conseqPara ensinar à criança a mostrar-se íntegra e respeitosa para consigo mesma e para com o próximo, é preciso que a mãe se proíba qualquer expressão indelicada em suas relações de intimidade com o bebê. Como poderá ele, comumente tratado de “molequinho”, “amolantezinho” ou até de algum nome de animal mais ou menos repugnante, aprender a respeitar-se a si mesmo?

Logo que chegar ao período de seu desenvolvimento, que o leva a procurar reproduzir os termos e palavras dos adultos, ele empregará as mesmas expressões, tanto para se designar a si próprio como para qualificar os outros. Isto representa terreno perdido relativamente à formação da delicadeza dos sentimentos.

Embora outras expressões tais como “meu Jesus” ou “meu Tesouro” não tenham caráter algum grosseiro, devem, igualmente, ser banidas da linguagem das mães. Tendem a diminuir, no espírito infantil, o sentimento dos valores morais ou religiosos. Se o bebê é um “Jesus”, não virá ele a considerar o verdadeiro Jesus como um simples companheiro? E se for qualificado de “tesouro”, como não haverá de se revoltar diante das severidades necessárias? Continuar lendo

ESTÍMULOS NECESSÁRIOS

estiEmbora seja impossível formar-se a consciência sem aplicar punições, quando oportunas, convém não esquecer que o educando é um ser fraco, que precisa ser incentivado e sustentado em seus esforços. Ele o será por meio de recompensas adequadas, como os castigos, à sua idade e ao seu temperamento, mas orientadas por uma espiritualização mais elevada. A mais humilde recompensa diriger-se-á ao corpo e à sensibilidade; a mais elevada, aos sentimentos e às aspirações superiores. Na idade em que a criança vive apenas pelas sensações, ela se confundirá com um prazer corporal. Mais tarde, poré, é à sua inteligência e às suas faculdades morais que será conveniente fazer apelo.

Não é contra-indicada a multiplicação dos estímulos. Todavia, é preciso velkar para não incentivar no filho o hábito de esperar sempre algum proveito de seus esforços pessoais. É o que aconteceria se os pais cometessem a falta de tato de “pagar” sempre com alguma compensação a boa vontade do filho. Este viria a agir apenas visando vantagens e jamais atingiria o verdadeiro desinteresse moral. Permaneceria sempre no grau inferior da moral utilitária.

Outro perigo seria desenvolver o amor-próprio e o orgulho, ao multiplicar os elogios. Incensada demais, a criança acabaria julgando-se de uma essência superior e desprezando os que não obtêm êxitos tão facilmente quanto ela. Continuar lendo

INFLUÊNCIA MASCULINA E FEMININA NA EDUCAÇÃO DA CRIANÇA

familia_catolicaPor serem de compleição diferente, o homem e a mulher não vêem o filho com os mesmos olhos: ele o vê através de sua masculinidade; ela, através de sua feminilidade. Entretanto, essa divergência não é um mal, pois traz como resultado não somente um conhecimento mais completo e aprofundado da criança, como também uma espécie de combinção de influências. Permite ao homem descobrir os métodos que tornarão o educando mais forte, mais corajoso e mais empreendedor; à mulher, os que nele despertarão as delicadezas do sentimento.

Tomemos um exemplo: o filho é obrigado a um esforço penoso. A mãe é inclinada a proporcionar-lhe o auxílio de sua sensibilidade feminina; o pai, o da força que comanda. Se a mãe fosse sozinha, correria o risco de enfraquecer a vontade; se fosse só o pai, talvez quebrasse os impulsos delicados da sensibilidade. Unidos, irão obter um esforço misturado de força e de ternura. Continuar lendo