A ORAÇÃO DE ADORAÇÃO

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A mais perfeita, a mais gloriosa para Deus, aquela onde mais plenamente praticamos nosso ofício de criatura.

Fonte: La Couronne de Marie n°106 – Tradução: Dominus Est

Podemos voltar nossa alma a Deus na oração para diferentes propósitos ou intenções. No entanto, um dos fins da oração é mais alto que os outros: é a adoração.

Podemos rezar para agradecer a Deus, ou implorar seu perdão, ou ainda pedir as graças de que precisamos. Mas podemos ver que, nessas diversas formas de oração, o pensamento se volta para aquele que reza, enquanto na adoração, aquele que reza esquece completamente de si mesmo para pensar somente em Deus.

Se dou graças, é porque recebi. Se imploro misericórdia, é porque pequei. Se peço, é porque preciso. O bem da minha pessoa não está ausente da minha oração. Na oração de adoração ou louvor, aquele a quem dirijo a oração é o único envolvido. Aquele que reza, desaparece, por assim dizer. Ele não pensa em si mesmo, não se considera: Gloria in excelsis Deo, glória a Deus no céu. Senhor, nós vos louvamos! Senhor, nós vos bendizemos! Senhor, nós vos adoramos!

♦ Isso não significa que outras formas de oração devam ser evitadas ou que não sejam boas. As orações de agradecimento, de pedido de perdão ou de outras graças são belas, são legítimas, são necessárias à nossa condição de criaturas, e sobretudo à nossa condição de homens, ainda peregrinos nesta terra. Vemos isso claramente nas orações da Igreja (ela que nos ensina a rezar), que muito frequentemente são orações de súplica. Continuar lendo

AS COMUNIDADES ECCLESIA DEI, 30 ANOS DEPOIS

Um dos efeitos do motu proprio Traditionis custodes foi produzir, por parte das comunidades Ecclesia Dei, um acordo de adesão ao Concílio Vaticano II e o reconhecimento da benignidade do Novus Ordo. Essa aprovação enfraquece ainda mais a situação dessas comunidades.

Fonte: La Couronne de Marie n°103 – Tradução: Dominus Est

Criada em 1988 pelo Papa João Paulo II na sequencia da sagração de quatro bispos por D. Lefebvre, a Comissão Ecclesia Dei tinha como missão oficial de “facilitar a plena comunhão eclesial” daqueles que então se separaram da Fraternidade fundada por Dom Lefebvre, ao mesmo tempo que ” preservavam suas tradições espirituais e litúrgicas “.

Sua missão “oficiosa”, havia sido revelada por D. Lefebvre: a Comissão Ecclesia Dei, explicou ele com clarividência, “é responsável pela recuperação dos tradicionalistas a fim de submetê-los ao Concílio” (1). O tempo provou que ele verdadeiramente tinha razão.

A fim de obter o reconhecimento canônico da Igreja Conciliar, as comunidades Ecclesia Dei concordaram em se calar sobre os erros e escândalos doutrinários da hierarquia eclesiástica, ou mesmo em justificá-los. Não denunciam a nocividade da missa nova, do novo código de direito canônico, do diálogo inter-religioso, da liberdade religiosa etc., e sua contradição com o ensinamento tradicional da Igreja. Este silêncio é o preço a pagar para ser oficialmente reconhecido e poder exercer um ministério nas dioceses.

De forma privada, alguns membros dessas comunidades reconhecem os estragos do modernismo triunfante na Igreja. Mas, em público, silenciam-se sobre as causas da destruição da fé nas almas, que eles, como qualquer sacerdote, têm o dever de denunciar e combater. Continuar lendo

O CANTO GREGORIANO É, ANTES DE TUDO, ORAÇÃO

Diocese de Novo Hamburgo - MOVIMENTOS E CARISMAS: CORO GREGORIANO DE NOVO  HAMBURGOPe. Hervé Gresland

Existem muitas missas compostas por vários músicos que são boa música, e que podemos chamar de música religiosa, pois possuem caráter religioso. O gregoriano, porém, não é uma “música religiosa” entre outras, mas, segundo a feliz fórmula de Dom Gajard1, é uma “oração cantada”. Aí está toda a diferença.

A alma que canta essa oração, ou que escuta esse canto num espírito de fé, é o contrário de um esteta. Quem concorda em abrir a sua alma para o mistério do cantochão, atinge o objetivo para o qual foi concebido, pois o gregoriano tem a vocação de nos abrir e nos conduzir ao reino do qual Nosso Senhor nos fala no Evangelho, que é o reino da graça.

O canto gregoriano ensina a rezar

Antes de tudo, esse canto é essencialmente oração. É verdadeiramente um canto “consagrado” 2, porque deve servir unicamente ao culto. O seu fim primeiro, com efeito, é o “sacrifício de louvor” da Igreja. Por ser feito e por voltar-se para Deus, coloca-nos de saída diante do nosso Criador numa atitude de oração. Esse canto faz com que nos voltemos para as realidades sobrenaturais e divinas. Ensina ao homem o senso do sagrado e da grandeza de Deus. Ele lhe ensina a rezar, a contemplar a Deus, a louvá-lo. Ele nos faz encontrar a Deus para podermos lhe falar de coração a coração. Suas melodias nos introduzem imediatamente numa atmosfera sobrenatural.

A maior parte das peças gregorianas são curtas, mas são capazes de impor desde logo uma atitude de fé, de admiração, de confiança, de adesão a Deus e a sua vontade – elas nos fazem atingir Deus diretamente. Elas conduzem à contemplação dos mistérios mesmos que revivem. Com efeito, a virtude essencial do nosso canto é a de ser capaz de conduzir e manter o nosso olhar (tanto quanto possível aqui embaixo) em algo de perfeitamente puro, em Deus, que habita uma luz inacessível. Esse canto é transparente ao espiritual, reflete um outro mundo, diz o que nenhuma outra música diz: fala à alma do invisível, dos mistérios divinos. Introduz-nos no mistério, no sagrado, abre-nos as mais altas realidades espirituais. É uma arte impregnada do sobrenatural.

O canto gregoriano ajuda e favoriza assim o recolhimento, a contemplação e inspira o bom gosto3. Dirige-se ao que há de mais profundo dentro da alma. É por isso que atrai as almas amantes da beleza e do sagrado. Traz consigo uma graça própria que é a de nos introduzir de modo único no coração do mistério, na contemplação. Continuar lendo