UM FILHO DE SÃO FRANCISCO QUE REVIVIA A PAIXÃO

Pe. Denis Quigley – FSSPX

Padre Pio foi o primeiro sacerdote da história da Igreja Católica a receber estigmas visíveis. Ter os estigmas é trazer em seu corpo “marcas semelhantes às chagas do corpo crucificado de Jesus Cristo”.

Na história da Igreja, o número de estigmatizados reconhecidos é bem raro. Il Padre apresentou estigmas aparentes durante cinquenta anos e perdeu tanto sangue ao longo desse tempo que, conforme a ciência médica, normalmente não teria podido viver tanto.

Na realidade, Padre Pio já trazia estigmas invisíveis desde agosto-setembro de 1910. Ele rezou para que eles se mantivessem escondidos dos olhos dos homens. No entanto, no dia 20 de setembro de 1918, no momento em que fazia sua ação de graças após a missa, recebeu os estigmas visíveis.

Seu diretor espiritual lhe ordenou que descrevesse tudo o que se passou naquele dia. Eis o que escreveu Padre Pio:

“… eu vi surgir diante de mim um personagem misterioso.. sangue corria das suas mãos, dos pés e do lado. Essa visão me aterrorizou… A visão do personagem desapareceu e percebi que sangue corria das minhas mãos, dos meus pés e de meu lado. Imagine o martírio a que me submeti e que continuo a viver quase todo dia.

“O sangue continua a correr da chaga do coração incessantemente, sobretudo na noite de quinta-feira até o sábado. Meu Pai, morro de dor por causa desse suplício e da confusão que reina na minha alma… Suplicaria fortemente diante d’Ele e não cessaria de suplicar para que, na sua misericórdia, afastasse de mim não o suplício nem a dor — pois vejo a impossibilidade disso e quero me embriagar da dor — mas as marcas externas, que são para mim fonte de humilhação insuportável e indizível.”

Detalhe dos estigmas

Os estigmas consistiam em feridas profundíssimas no centro das suas mãos, nos pés, bem como no lado esquerdo do corpo. Suas mãos e pés estavam completamente perfurados, era possível ver a luz através da membrana que cobria as feridas. Ele usava meia-luva nas mãos (salvo durante a Missa), e meias nos pés.

Ao longo dos anos, milhares de pessoas puderam ver as feridas do Padre Pio. 

A bandagem situada no lado se embebia de sangue ao longo da noite, e precisava ser trocada na manhã do dia seguinte. Dessa chaga ele perdia o equivalente a uma taça de sangue a cada dia. Os estigmas foram examinados diversas vezes por médicos. Esses chegaram a conclusão imparcial que as feridas eram inexplicáveis. Sem a autorização direta dos seus superiores, ninguém tinha permissão de vê-las.

O doutor Amico Bignami examinou as feridas pouco após Padre Pio tê-las recebido e declarou: “Não compreendo como essas feridas persistiram por mais de um ano sem melhora ou piora”. 

Corrobora a conclusão dos médicos de que a presença dos estigmas era inexplicável e milagrosa, o fato de que Padre Pio teve de se submeter a intervenções cirúrgicas por causa de cisto e de uma hérnia. Ele se curou normalmente após essas operações, mas os estigmas, no entanto, não cessaram. Curiosamente, ainda que as feridas nas mãos de Padre Pio muitas vezes estivessem expostas ao ar livre, nunca infeccionaram. 

Outro médico, doutor Guglielmo Sanguinetti, declarou a um amigo: “Se um de nós tivesse de suportar um décimo da dor que Padre Pio sente por causa dos ferimentos, morreria”.

Perguntaram ao Padre Pio porque a chaga do lado estava situada num lugar ligeiramente diferente do lugar da chaga de Nosso Senhor. “Seria muito penoso se estivesse exatamente como a do Senhor”.

Além dos estigmas, ele suportava [a dor] da coroação de espinhos e da flagelação quase toda semana.

O perfume da virtude

Por vezes, o sangue dos estigmas exalava um perfume agradável, “como uma mistura de violetas e rosas”. Um médico acrescentou: “Cada um deve levar em conta que, de todas as partes do organismo humano, o sangue é a que se decompõe mais rapidamente. Em todo caso, o sangue nunca exala um odor bom.”

Esse perfume agradável e milagroso estava igualmente presente nos objetos que pertenciam ao Padre Pio, e sobre certas coisas que tocava. Nos arquivos do convento de Nossa Senhora das Graças, encontramos grande quantidade de testemunhos, mais de mil pessoas diferentes, declaradas doentes sem esperança de cura, encontraram a cura dos seus males e dos efeitos de lesões incapacitantes pela intercessão do Padre Pio. O capuchinho também esteve na origem de numerosas conversões de infiéis, ateus e agnósticos — e de pessoas que se julgavam católicas, mas que haviam relaxado demais na prática da fé.

Se Padre Pio é um santo, contudo, sua santidade não provém dessa identidade exterior com o divino crucificado, mas antes da sua identificação espiritual e total com Cristo pela prática heróica das virtudes.

Fonte: Permanencia